Práticas sustentáveis

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por Liliana Peixinho*

Enquanto o governo se enche de papel, engavetando projetos, com propostas para a política de Saneamento, por exemplo, movimentos voluntários, vem trabalhando na proposta de um Brasil mais limpo, com resultados concretos e sem nenhum recurso.

Na semana passada, um grupo de estudantes de Turismo da FABAC, com perfil empreendedor, ligados ao Laboratório de Eventos da instituição e Agências de Turismo, se juntou ao pessoal da AMA- Amigos do Meio Ambiente, numa proposta inovadora de parceria sustentável.

A AMA trabalha, diariamente, sem nenhum recurso, há mais de quatro anos, com propostas concretas, para divulgar campanhas junto às escolas públicas, comunidades de baixa renda, festas populares, mercados, associações de moradores, empresas promotoras de roteiros turísticos, hotéis, restaurantes, shoppings, faculdades, enfim, em lugares onde tem demandas de consumo de produtos os mais diversos e que geram lixo, ou melhor sujeira.

Os alunos da FABAC têm feito, nos últimos dois anos, diversos eventos de promoção do turismo sustentável, em roteiros com demandas que necessitam de práticas de educação ambiental, para não gerar impactos nas comunidades, normalmente muito carentes de visitas dos turistas, que adquirem serviços e produtos artesanais. Esse coletivo de voluntários têm dificuldade de se articular com a burocracia, que detém os recursos e acaba emperrando ações que são tão simples e rápidas como a própria proliferação das doenças decorrentes da falta de saneamento, de uma política preventiva, de ações que realmente sensibilizam e mudam comportamentos e que requer muito pouco recurso financeiro e mais atitude de cada um.

O pessoal do movimento da AMA promoveu, de forma totalmente voluntária, diversas ações preventivas em escunas, barquinhos, portos de embarque de turistas, terminais rodoviários, feiras, hotéis, restaurantes, durante quatro dias, com formas de sensibilização direta, onde, concretamente, um grupo composto por 30 multiplicadores deixaram de jogar ponta de cigarro no chão, copos plásticos pela janela do ônibus, colocaram no prato somente o que realmente foi suficiente para comer, sem deixar restos, separaram seus lixos nos ônibus, perceberam a diferença entre o limpo e o sujo, entre o belo e o feio, o preservado e o degradado, através de uma série de ações baseadas na importância que cada um, que cada pessoa, tem, no universo pequeno ou grande, da sujeira ou da limpeza, promovida em seus ambientes, em todos os momentos,em qualquer lugar. Esse grupo trabalha com o pensamento de que a revolução ambiental só acontecerá, de fato, se tivermos essas atitudes individuais de prevenção e preservação, a todo o momento, em todos os lugares. Enquanto deixarmos para limpar depois, o saneamento continuará sendo um dos grandes problemas para a mudança do nosso perfil na limpeza que o Planeta necessita para termos esperança na preservação da Vida.

O pessoal da AMA ficou muito feliz em ver que após o primeiro dia do encontro, na famosa Baia de Camamu, um (ainda) paraíso, pessoas que jogavam ponta de cigarro, por exemplo, em qualquer lugar, de forma automática, sem pensar nos efeitos do gesto para o ambiente, no segundo dia, depois da palestra, essas mesmas pessoas pediam potinhos de filme, adaptados como bituqueiros, para guardar suas pontas de cigarro, para jogar no lugar certo, depois. Adaptavam sacos para guardar embalagens de bolachas, sorvetes, bombons, lanches diversos consumidos nos roteiros, passeios pelas cidades, ilhas. Que muitos se continham, na quantidade, na hora do bufê, sabendo que a comida estava ali, exposta a todos, e que cada um poderia se servir outras vezes, se a primeira ou a segunda não foram suficientes, mas, atentos à campanha contra o desperdício de alimentos, água..

Estes foram alguns dos pequenos, mas importantes e repetitivos gestos, que agregam valor na proposta do movimento AMA em favor da preservação da vida. São exemplos de comportamentos muito comuns, que antes eram nocivos, impulsivos, compulsivos e repulsivos, mas, que mudaram, de forma rápida, apenas com um toque sério e leve dado por pessoas que acreditam no que falam e fazem, e que mostraram a importância de serem repetidos em todas as casas e esquinas e lugares do bairro, da cidade, do país, do planeta, fazendo, inclusive, as pessoas gostarem mais de si, porque estão olhando para o outro.

Os turistas adoraram ter participado desse coletivo verdadeiramente sustentável. E a necessidade de estímulo e apoio para repetir essas ações Brasil afora foi uma conclusão no retorno da viagem..

Liliana Peixinho – Jornalista ambiental, articulista e educadora ambiental. Moderadora da REBIA – Nordeste , Rede Brasileira de Informação Ambiental, correspondente, na Bahia, da Folha do Meio Ambiente, Jornal do Meio Ambiente, colaboradora da Agencia Envolverde , coordenadora da AMA- Amigos do Meio Ambiente.

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