Lama deve chegar ao Rio à noite e deixar 90 mil sem água

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da Folha Online

Uma equipe da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), ligada ao governo do Rio, acompanha nesta quinta-feira a aproximação da mancha de lama originada no rompimento da barragem da Mineradora Rio Pomba Cataguases das cidades de Laje do Muriaé, São José de Ubá e Itaperuna. Quando a lama chegar, os cerca de 90 mil moradores das três cidades ficarão sem água e contarão apenas com caminhões-pipa.

Segundo previsão da Cedae, a lama --produto da lavagem de bauxita-- deve chegar ao Rio à noite. O movimento dela é monitorado por técnicos que trabalham em um posto de observação do rio Muriaé --continuação do rio Fubá, onde a lama foi derramada--, aproximadamente 20 km distantes do ponto de captação de água.

Conforme análises da própria Cedae, a porção de água que recebeu a lama está 200 vezes mais turva que o normal. Caso seja captada, ela não será tratada adequadamente na estação e pode chegar suja à população. Como a recuperação do equipamento da estação também levaria algum tempo, a empresa decidiu suspender a captação quando a lama chegar.

O acidente ocorreu na manhã de quarta-feira (10) em Minas Gerais e, de acordo com a mineradora, foi uma conseqüência de fortes chuvas que atingiram a região.

De acordo com uma análise preliminar do Sisema (Sistema Estadual de Meio Ambiente), ligado ao governo de Minas, a lama que vazou da barragem é composta apenas por água e argila e não é tóxica. O Sisema estima que tenham vazado dois milhões de metros cúbicos, o equivalente a dois bilhões de litros da substância.

Minas

Devido às dimensões do vazamento, o rio Fubá transbordou e a cidade mineira de Miraí, onde a barragem está instalada, foi inundada por lama.

O número de pessoas que foram desalojadas ou desabrigadas por conta das inundações ainda não foi definido, mas a Defesa Civil Estadual estima que esteja entre 2.000 e 3.000. Os cuidados à população atingida pelo acidente estão concentrados na Câmara Municipal e são coordenados por uma força-tarefa criada pelo governo de Minas. Cestas-básicas, colchões e roupas estão sendo levados para o local.

Materiais de limpeza para a retirada da lama foram entregues aos moradores e a Fundação Rural Mineira disponibilizou máquinas para retirada da lama. Outra medida adotada foi o envio de caminhões-pipa e copos de água para garantir o abastecimento, segundo a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais).

O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) enviou equipes para a região para avaliar a necessidade da construção de acessos provisórios onde houve queda de pontes ou interrupção de trechos de estradas.

Segundo o secretário do Meio Ambiente de Minas, José Carlos Carvalho, a empresa será impedida de reconstruir a barragem e será multada em R$ 50 milhões.

Histórico

Em março de 2006, o vazamento durou três dias. Naquela ocasião, os 400 milhões de litros de resíduos de tratamento de bauxita --água e argila-- atingiram um córrego da região e chegaram ao Rio de Janeiro. Os moradores de Laje do Muriaé tiveram o abastecimento de água suspenso em caráter preventivo, devido à possibilidade de contaminações.

Em 2003, uma barragem pertencente às empresas Cataguases de Papel e Cataguases Florestal também rompeu e provocou o despejo de 1,2 bilhão de litros de resíduos --desta vez, tóxicos-- nos rios Pomba e Paraíba do Sul, atingindo o norte e o noroeste fluminenses.

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