Nova mortandade de peixes. Agora em Pelotas.

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A agonia dos rios não tem fim. Batalhão Ambiental calcula que 12 toneladas de peixes tenham perecido entre o Canal São Gonçalo e o Arroio Fragata.

Por Raquel Casiraghi, Chasque Notícias.

Porto Alegre, RS - A mortandade de peixes ocorrida nesta terça-feira, em Pelotas, evidencia a falta de planejamento e de fiscalização dos governos em relação aos recursos hídricos do Estado. Peixes apareceram mortos numa extensão de seis quilômetros, que vai do canal São Gonçalo, em Pelotas, até o arroio Fragata, na cidade vizinha de Capão do Leão. A equipe do 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar pelotense estima que cerca de 12 toneladas de animais estejam acumuladas nas margens do arroio.

As causas da mortandade ainda não foram detectadas, mas os policiais trabalham com a hipótese de que os peixes sofreram com o choque causado pela entrada de água salgada nos mananciais doces. Também há a possibilidade de poluição por empresas alimentícias que estão instaladas em áreas ribeirinhas.

O ambientalista Antônio Soler, do Centro de Estudos Ambientais (CEA) de Rio Grande, avalia que não há como ter certeza das causas da mortandade, já que os estudos técnicos recém começarão a serem feitos. No entanto, o professor acha que apenas o salgamento da água seria insuficiente para matar 12 toneladas de peixe.

"Especialistas na área dizem que dificilmente, quando a água salgada invade a doce, os peixes serão pegos porque eles possuem um sentido animal que os faz perceber o perigo, então eles conseguem escapar. Mas, acho que pelas referências anteriores e históricas, a origem mais certa é a poluição. Agora, o que causou a poluição, nós não sabemos, pois há empresas que jogam efluentes naquela região. Então, pode ser uma como todas elas as ocasionadoras", diz.

Para Antônio, a nova mortandade de peixes no Estado confirma a ineficiência dos poderes governamentais em cuidar dos mananciais hídricos. Repetindo o exemplo do desastre que ocorreu no Rio dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre, quando cerca de 100 toneladas de peixe foram encontrados mortos em dezembro passado, a região de Pelotas também carece de fiscalização dos poderes governamentais. A Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), órgão responsável pelo município, tem uma fiscalização deficitária.

"A SQA tem uma carência de estrutura para agir nesse tipo de situação. Então, apesar de ela ter o dever de combater a poluição, assim como o Estado e a União, ela tem essa deficiência estrutural de fiscalizar essas ações danosas. A gente também tem percebido, nesses últimos anos, especialmente nesse governo, uma diminuição efetiva no processo de autuação e de fiscalização, que a gente percebe no número de multas que a Secretaria repassa ao Conselho. Então a gente percebe uma diminuição efetiva na fiscalização", afirma.

No dia 29 deste mês, acontece uma reunião extraordinária do Conselho Municipal de Proteção Ambiental de Pelotas (Compam), para avaliar as causas da mortandade e propor ações. O atual Conselho, que existe desde 1979, é composto por 24 cadeiras, entre instituições e secretarias governamentais dos três poderes, entidades ambientalistas, sindicatos de trabalhadores e empresas.

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