Lars Josefsson
Mas, apesar do seu estilo comedido, Josefsson provoca os sentimentos mais intensos - tanto positivos quanto negativos.
Muitos vêem nele um verdadeiro visionário. Na reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, neste ano, a chanceler alemã Angela Merkel usou parte do seu discurso de abertura para dizer como estava "encantada" com as iniciativas de Josefsson no sentido de engajar o setor empresarial no combate ao aquecimento global. Em
Mas para outros ele é a encarnação de um "vilão" corporativo, conforme o descreveu recentemente o "Aftonbladet", o maior jornal diário da Escandinávia. Peter Eriksson, um líder político sueco membro do Partido Verde, chamou o ambientalismo de Josefsson de um "embuste".
Como diretor de uma das maiores empresas européias de serviços públicos em um momento de crescente consciência ecológica, bem como de mudanças dramáticas - uma onda de fusões empresariais varre os mercados de energia do continente, e a Vattenfall tem sido uma protagonista ativa neste processo - , Josefsson está destinado a estar no centro das atenções.
Mas pelo menos tão importante quanto isso é a direção na qual Josefsson colocou a Vattenfall desde que se tornou diretor-executivo da companhia em 2000. Os lucros da empresa estatal mais do que quadruplicaram, saltando de 32 bilhões de coroas para 145 bilhões de coroas, o equivalente a US$ 20,9 bilhões, especialmente por meio de grandes investimentos em usinas termoelétricas movidas a carvão e em minas de linhito na Alemanha.
Sob um ponto de vista empresarial, essas aquisições fizeram muito sentido. Com os preços ascendentes do petróleo e o fechamento de várias usinas nucleares, o carvão se tornou mais importante para o suprimento energético da Alemanha. Josefsson também chama a atenção para o fato de o carvão ser uma fonte barata de energia, o que significa que é altamente lucrativa.
Mas as aquisições de empresas alemãs também significam que a Vattenfall deixou de ser uma emissora insignificante de dióxido de carbono - as suas unidades de produção na Suécia são em sua maioria nucleares e hidroelétricas, e "vattenfall significa "queda d'água" em sueco -, passando a emitir 80 milhões de toneladas de gás carbônico por ano, fazendo da companhia uma das maiores poluidoras do continente. Quando a organização não governamental World Wide Fund for Nature (WWF), publicou recentemente uma lista das "Trinta Mais Sujas", as 30 usinas de energia mais poluidoras da Europa, a Vattenfall apareceu como a proprietária de quatro dessas unidades poluidoras.
Ao mesmo tempo, Josefsson se tornou uma espécie de profeta corporativo sobre os perigos do aquecimento global. Ele fez um intenso lobby pela adoção de um limite de emissões globais e de um sistema global de comércio de quotas de dióxido de carbono. Ele também fundou a organização
Em dezembro do ano passado, Merkel o nomeou assessor sobre clima para o governo alemão, a fim de que ele a ajudasse a promover questões relativas a políticas energéticas durante a atual presidência alemã da União Européia e do G8, o grupo dos países mais industrializados do mundo.
Sendo ao mesmo tempo produtor de grandes volumes de poluentes e crítico conhecido das emissões de carbono, Josefsson está bem consciente de que se arrisca politicamente. Mas ele afirma invariavelmente que as duas posições não são contraditórias.
"A maior contribuição que podemos dar para o meio-ambiente é fazer exatamente o que estamos fazendo", disse ele, sentado em uma sala de conferência na Vattenfall, no modesto escritório da empresa em Estocolmo, tendo acabado de retornar de uma viagem por várias capitais européias. "Ao usarmos a tecnologia, somos capazes de garantir que os danos à atmosfera sejam os menores possíveis".
Josefsson, que é engenheiro, argumenta que o carvão está aqui para ficar, e que é melhor confiar no desenvolvimento tecnológico e em companhias como a Vattenfall para obter os melhores resultados a partir da atual conjuntura.
Para isso a companhia recentemente começou a construir uma usina piloto na Alemanha para testar uma nova tecnologia de seqüestro de carbono, que ele espera que esteja comercialmente disponível até 2020.
"Assumimos responsabilidades em relação aos nossos clientes, ao desenvolvimento econômico e ao meio-ambiente", garante Josefsson.
Alguns críticos questionam se ele, como diretor de uma companhia estatal, deveria gastar tanto tempo e dinheiro do contribuinte viajando pelo mundo, vendendo uma mensagem que muitos acreditam pertencer aos políticos.
"Ele é altamente político", afirma Peter Wolodarski, editorialista do jornal liberal sueco "Dagens Nyheter". "É válido que se questione se a Vattenfall deveria realmente assumir a liderança no que diz respeito a essas questões".
Outros argumentam que a estratégia ambiental de Josefsson é repleta de palavras e carente de substância, e observam que menos de 1% do lucro operacional de 27 bilhões de coroas da companhia no ano passado foi destinado a tecnologias para a proteção do clima.
"O carvão tem sido um investimento brilhante para a Vattenfall, mas até o momento não existe nenhuma estratégia real de longo prazo sobre como romper com a nossa dependência desse tipo de energia", critica Lars Kristoferson, secretário-geral do escritório sueco da WWF. "O discurso deles sobre o meio-ambiente simplesmente não condiz com os fatos".
Alguns ambientalistas estão preparados para conceder a Josefsson o benefício da dúvida.
"Posso estar enganado, mas creio que ele acredita no que diz", afirma Stephan Singer, diretor da unidade de políticas sobre mudança climática da WWF
"Josefsson
Tradução: UOL