Bruno Peron Loureiro
A Amazônia continua sendo nossa enquanto não a destruírem inteiramente. E tudo leva a crer que ela corre o risco de chegar a este ponto.
A maior discussão que se trava é se ela deve ser internacionalizada, embora este processo carregue o estigma aparente de que seria, então, colonizada ou pertenceria a outros países.
Entretanto, isto ela já é, pois estrangeiros entram e saem facilmente por suas fronteiras porosas com Colômbia e Peru, entre outros, plantas e animais já são levados por cientistas visitantes a suas nações de origem para que realizem investigações de ponta. E depois nos vendem produtos patenteados, e caros, feitos com matéria-prima brasileira.
Esse território nao é só o “pulmão do mundo” ou “santuário ecológico” como dizem, mas guarda riquezas pelas quais, cedo ou tarde, as nações pelearão, como a água doce.
No entanto, a dificuldade reside em trabalhar o ouro por quem não é ourives, ou seja, como poderíamos imaginar que um governo que não consegue nem acabar com a fome e o desemprego massivo, males de um país subdesenvolvido, envie tropas para vigiar a enorme fronteira amazônica e puna os responsáveis pelo desmatamento ostensivo.
Nem os Estados Unidos, que possuem melhores aparatos de defesa, conseguem evitar a freqüente e arriscada passagem de imigrantes indocumentados vindos do território mexicano, embora a fronteira tenha mais de três mil quilômetros.
A devastação da flora e da fauna é tão grande em alguns países, que provoca o aumento de organismos não-governamentais e internacionais, como o Greenpeace, lutando pela causa ambiental e propondo soluções que transcendem o âmbito nacional.
Além da destruição ecológica que se vê no Brasil, como é possível identificar pela comparação de imagens em semanas diferentes no Google Earth (programa na internet que dispõe de imagens via satélite), outro fato chocante é a chacina de focas no Canadá, com milhares de mortes, e de 40% desses animais se extrai a pele enquanto ainda está vivo.
No Brasil, trata-se de reconhecer que diariamente se reduz uma gigantesca porção da floresta amazônica, como se constata também pelas imagens de satélite do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).
Em alguns estados como o Maranhão e o Pará, é tão forte o poder dessa máfia madeireira, que a polícia recebe ameaças de morte quando realiza fiscalizações, além de que mal possui estrutura para alcançar esses locais, que, em geral, são pouco acessíveis.
Por fim, a madeira é comercializada e o terreno, em alguns casos, aproveitado covardemente para o plantio de soja e a pecuária.
Estamos, portanto, diante de duas posições: uma é a de continuar tendo plena soberania sobre uma Amazônia que poderá não ser mais e, logo, pouco nos restará; e a outra é a de que nosso governo autorize maior intervenção de organismos internacionais responsáveis pela proteção do meio ambiente.
Não se trata de vender este território como apregoam alguns. Se fosse assim, então já nos teriam pago as primeiras parcelas. Trata-se de formular novas estratégias para preservar tamanho patrimônio. Se o Brasil optar pela plena soberania, então que, ao menos, cuide bem do que é seu!
Bruno Peron Loureiro é bacharel
O dilema da Amazônia
junho 06, 2007
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