BRASÍLIA, 4 Jul 2007 (AFP) - O Brasil, que domina a técnica do enriquecimento do urânio, está a um passo de produzir gás nuclear, com o qual controlaria a totalidade do ciclo desse combustível, informou o comandante da Marinha do Brasil, Almirante Moura Neto.
Atualmente, o urânio é inicialmente processado e concentrado (yellowcake ou urânia) e é enviado ao Canadá, onde é submetido ao processo de gaseificação anterior ao enriquecimento.
Mas a Marinha poderia romper essa "dependência", já em 2008, com a condição de receber um aporte de apenas 20 milhões de reais (menos de 10 milhões de dólares), para completar o projeto, disse Moura, na terça-feira à noite numa entrevista a correspondentes estrangeiros em Brasília.
"A transformação do "yellowcake" em gás, no que respeita à Marinha, é algo rápido: dependemos de 20 milhões de reais. Considero que o ciclo do combustível já está praticamente dominado e isto será um benefício muito grande para o país: não a dependência", afirmou.
O Brasil já domina o processo de enriquecimento, com centrifugadoras de fabricação própria, que poderiam iniciar a produção em escala comercial nos próximos dois ou três anos.
O objetivo é o de abastecer com combustível as duas centrais nucleares geradoras de eletricidade em funcionamento (Angra I e II) assim como a futura Angra III (todas no estado do Rio de Janeiro), à qual o governo acaba de aprovar o projeto.
O combustível brasileiro também deve servir para alimentar o reator de um submarino de propulsão nuclear, no caso de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizar a sua construção.
O programa nuclear brasileiro foi lançado em 1975, com dois objetivos: dominar o ciclo de enriquecimento de urânio e fabricar um reator nuclear.