A devastação da Amazônia

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Não por acaso, o território escolhido para a nona edição do Fórum Social Mundial (FSM), encerrado ontem, foi o Pará, e um dos temas que dominou o encontro, a Amazônia. O Estado encabeça, segundo levantamento do Ibama, a lista com o maior número de municípios responsáveis pelo desmatamento da floresta amazônica. É o centro de uma preocupação que avança, mais ainda com um relatório que o Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) divulga agora: no prazo de cinco anos, entre 2000 e 2005, 17% da floresta foi varrida do mapa.

Não é pouca coisa. Os cortes e as queimadas consumiram 857 mil quilômetros quadrados de árvores, o equivalente ao território da Venezuela. Embora a chamada Pan-Amazônia (Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além da Guiana Francesa) seja composta por mais sete países, é o Brasil o principal responsável pela destruição, diz o relatório antecipado pelo jornal francês Le Monde na última quinta-feira. O levantamento da ONU contradiz o governo brasileiro, que ainda celebra a redução no ritmo do desmatamento verificada ao longo de 2008.

Em debate no FSM, o bispo da diocese do Xingu, Erwin Krautler – há 44 anos trabalhando na região e sob permanente proteção policial por suas ações sociais –, vaticinou que em 30 anos a maior parte da floresta deverá estar devastada. Os dados exigem mobilização, sem desconsiderar a soberania nacional, um temor sempre presente quando o tema é Amazônia. O que a ONU sugere é um maior envolvimento internacional para ajudar financeiramente os países que abrigam a floresta.

Compartilhar conhecimentos, construir projetos conjuntos e aceitar ajuda externa são questões que o presidente Lula reconhece como necessárias, embora no ano passado, com certa irritação, tenha dito que havia “muita gente dando palpite” sobre a Amazônia. A alternativa passa pelo desenvolvimento sustentado, combinando ocupação e preservação. Uma solução capaz de evitar o mesmo destino ao qual foi condenada a Mata Atlântica, o bioma mais rico em biodiversidade do planeta, que engloba 17 Estados brasileiros, e hoje preserva apenas 7% de sua cobertura original.

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