Alberto Cerri - eCycle
Sabe o que computadores, impressoras, scanners, telefones e celulares têm em comum? Se você respondeu que todos são úteis para a vida na sociedade atual, errou. Eles podem representar exatamente o contrário. Em suas composições, esses aparelhos possuem metais pesados que podem causar diversas complicações para o meio ambiente e para a saúde do ser humano, se descartados de forma inconsequente.
O mercúrio, metal que deteriora o sistema nervoso, causa perturbações motoras e sensitivas, tremores e demência, está presente em televisores de tubo, monitores, pilhas e baterias, lâmpadas e no computador. O chumbo, que compõe celulares, monitores, televisores e computadores, causa alterações genéticas, ataca o sistema nervoso, a medula óssea e os rins, além de causar câncer. O cádmio, presente nos mesmos aparelhos que o chumbo, causa câncer de pulmão e de próstata, anemia e osteoporose. O berílio é material componente de celulares e computadores e causa câncer de pulmão. “Tudo que tem bateria, placa eletrônica e fio possui algum material contaminante”, afirma a especialista em gestão ambiental do Cedir (Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática), pertencente ao CCE (Centro de Computação Eletrônica) da Universidade de São Paulo (USP), Neuci Bicov, lembrando que esse tipo de material é acumulativo – quanto mais contato se tem com ele, pior para a saúde.
Em um computador, 68% do produto é feito com ferro, enquanto 31% da composição de um notebook é plástico. No geral, 98% de um PC é reciclável. “Mas na prática esse número se reduz para cerca de 80%. A mistura de componentes plásticos e metálicos com os metais pesados torna difícil a separação”, diz Neuci.
A velocidade com que a indústria lança as novidades eletrônicas no mercado faz com que a reutilização seja desvalorizada. “Aqui no Cedir nós recebemos tanta coisa que há alguns anos eram pagas com muita dificuldade e até à prestação, como bips, pagers, gravadores, e agora são lixo. Já recebemos até um BlackBerry”, conta a gestora ambiental, que relata algo parecido quando o assunto é computador. “Muitas vezes a pessoa instala tantos programas no computador e após um tempo pensa que ele ficou defasado. Então ela compra um novo e a velocidade de navegação na internet continua a mesma porque o problema é o serviço de internet”.
A lei de resíduos sólidos brasileira, sancionada em 2010, prevê que o lixo eletrônico não poderá ser descartado em aterros e lixões a partir de 2014. Os fabricantes serão os responsáveis por dar o destino correto aos materiais que eles mesmos produzirem. “Mas a população precisa cobrar. A lei só vai pegar se o fabricante se mexer. Para isso, tem de haver cobrança”, conclui Neuci.
Agora que você já sabe o quão perigoso o seu computador ou celular pode ser, encontre a melhor destinação para o item na seção Postos de Reciclagem. Na semana que vem, a eCycle disponibiza matéria especial sobre o Cedir-USP, contando como a iniciativa pioneira tem potencial para ser reproduzida Brasil afora.