Represas chegaram ao fim de abril com nível abaixo do seguro.
Diretor nega ter recomendado ao governo restringir consumo.
Fábio Amato
Do G1, em Brasília
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, disse nesta terça-feira (29) que estudos feitos pelo órgão não indicam necessidade de corte no consumo de energia em 2014 para evitar o agravamento da situação nos reservatórios das principais hidrelétricas do país – e a necessidade de um racionamento em 2015.
Em nota divulgada no site do ONS, Chipp informa que esses estudos foram feitos com base na condição atual de armazenamento de água nessas represas, que tem o nível mais baixo para essa época desde 2001, e na previsão de chuvas até o final deste ano. Ele também negou que o órgão tenha recomendado ao governo a adoção imediata de medidas para reduzir o consumo de energia.
“Os estudos técnicos realizados de acordo com os critérios vigentes, com base na atual situação dos reservatórios e nas condições hidrológicas previstas, não indicam a necessidade de adoção de cortes de energia. Portanto, em nenhuma circunstância o ONS recomendou, defendeu ou sugeriu a imediata implantação de medidas restritivas [ao consumo de energia]”, diz a nota.
Chipp afirma, porém, que “caso ocorra um agravamento das condições hidrológicas no período de maio a novembro, diferentemente do que é atualmente esperado, o ONS poderá propor medidas adicionais às autoridades setoriais, de forma que fique garantido o fornecimento de energia elétrica para a sociedade.”
Nível abaixo do seguro
Em nota divulgada no site do ONS, Chipp informa que esses estudos foram feitos com base na condição atual de armazenamento de água nessas represas, que tem o nível mais baixo para essa época desde 2001, e na previsão de chuvas até o final deste ano. Ele também negou que o órgão tenha recomendado ao governo a adoção imediata de medidas para reduzir o consumo de energia.
“Os estudos técnicos realizados de acordo com os critérios vigentes, com base na atual situação dos reservatórios e nas condições hidrológicas previstas, não indicam a necessidade de adoção de cortes de energia. Portanto, em nenhuma circunstância o ONS recomendou, defendeu ou sugeriu a imediata implantação de medidas restritivas [ao consumo de energia]”, diz a nota.
Chipp afirma, porém, que “caso ocorra um agravamento das condições hidrológicas no período de maio a novembro, diferentemente do que é atualmente esperado, o ONS poderá propor medidas adicionais às autoridades setoriais, de forma que fique garantido o fornecimento de energia elétrica para a sociedade.”
Nível abaixo do seguro
Os reservatórios das principais hidrelétricas do país vão chegar ao fim do período de chuvas de 2014, que termina junto com o mês de abril, com armazenamento de água abaixo do limite considerado seguro pelo ONS para garantir, sem problemas, o abastecimento de energia no país ao longo deste ano.
De acordo com o ONS, as represas das hidrelétricas que ficam no Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por cerca de 70% da capacidade de geração de energia do país, registravam armazenamento de 38,16% na segunda (28) e devem chegar ao dia 2 maio (próxima sexta) com 39% de armazenamento.
Em fevereiro, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse a jornalistas que, para que não houvesse dificuldades no fornecimento de energia no Brasil neste ano e em 2015, os reservatórios deveriam estar com, no mínimo, 43% de armazenamento ao final de abril.
“Esse nível de 43% é adequando para que a gente não precise de grandes afluências [água que chega aos reservatórios] no período seco”, disse Chipp em fevereiro. Como o índice não foi atingido, vai ser importante que, durante o período mais seco, que vai de maio a outubro, chegue às represas do Sudeste e Centro-Oeste uma quantidade de água pelo menos equivalente à media de anos anteriores para garantir o fornecimento de energia sem dificuldades.
Governo nega racionamento
O governo vem negando risco de racionamento no Brasil. Em notas divulgadas nos últimos meses, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) afirma que o país só deve enfrentar falta de energia em 2014 caso ocorra nos próximos meses “uma série de vazões pior do que as já registradas”, algo que o CMSE considera “evento de baixa probabilidade.”
No dia 19 de fevereiro, questionado sobre as declarações de Chipp, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que não faltará energia no Brasil em 2014 “sob nenhuma circunstância.” “Mesmo que não chegue a esse nível [de 43% ao final de abril], não teremos problema de abastecimento”, afirmou o ministro na época.
Chuvas fracas
A crise no setor elétrico brasileiro é resultado da estiagem no início de 2014. Em janeiro e fevereiro, chegou às hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste água equivalente a 54% e 39% da média histórica, respectivamente. O índice de fevereiro é o segundo pior para o mês em 84 anos. O de janeiro foi o terceiro pior em igual período.
Em abril, as chuvas ficaram mais próximas dos índices históricos. Chegou aos reservatórios, até agora, cerca de 80% da água esperada para o mês. Isso, porém, só contribuiu para uma tímida recuperação do nível de armazenamento nas represas das duas regiões, que passou de 36,26% ao final de março para 38,16% na segunda (28), número mais recente.
Para poupar água dos reservatórios, foram acionadas todas as termelétricas disponíveis no país, que hoje respondem por cerca de 20% da energia consumida. Porém, como essas usinas funcionam por meio da queima de combustíveis como óleo e gás, a energia produzida por elas é mais cara e vai encarecer a tarifa de luz.