O Estado alemão Schleswig-Holstein, na fronteira com a Dinamarca, planeja consumir energia 100% renovável
Correio do Brasil
Por Redação, com agências internacionais - de Berlim
A câmara baixa do Parlamento alemão aprovou nesta sexta-feira uma lei para reformar o sistema de subsídios para energia renovável, derrubando o primeiro obstáculo a um plano que ainda pode ser parado pela União Europeia após um conflito sobre a sua legalidade. A lei, parte dos esforços da Alemanha para diminuir sua dependência da energia nuclear, ainda precisa de aprovação da câmara alta (equivalente ao Senado) e da Comissão Europeia, que está preocupada de que as isenções de uma sobretaxa para energia verde possa infringir leis de ajuda estatal da UE.
Berlim e a Comissão vem discordando sobre a política alemã, sob a qual consumidores pagam uma sobretaxa para financiar energia renovável enquanto que consumidores industriais pesados estão em grande parte isentos. A Comissão levantou novas objeções na segunda-feira, que levaram a Alemanha a mudar seus planos no último minuto.
O ministro alemão da Economia, Sigmar Gabriel, disse estar certo de que o sucessor de Joaquín Almunia como chefe de competição da Comissão Europeia, quem quer que seja, demonstrará ser mais compreensível com a nova legislação alemã.
– Estou certo de que chegaremos a um acordo no fim … não podemos sobrecarregar plantas existentes com 100% da sobretaxa para energia renovável – disse ele a repórteres.
As mudanças de última hora incluíram uma regra de que companhias industriais que geram sua própria energia no local em novas usinas renováveis ou combinadas a térmicas pagarão uma sobretaxa mais alta do que o planejado antes.
Schleswig-Holstein
O Estado alemão de Schleswig-Holstein, o mais setentrional do país, na fronteira com a Dinamarca, pretende ter 100% de toda a sua energia proveniente de fontes renováveis ainda neste ano. Localizado em uma região rural, o Estado tem o vento como principal aliado para a conquista deste objetivo.
Há oito anos Schleswig-Holstein já gerava 30% de sua energia a partir de fazendas eólicas. Além de suprir toda a demanda interna, o Estado ainda planeja produzir mais eletricidade do que o necessário para o consumo, para que seja possível comercializar o excedente.
De acordo com o site Clean Technica, o pequeno Estado possui 7 mil pessoas trabalhando diretamente com energia eólica, empresas fabricantes de turbinas têm sede lá e o potencial para o crescimento do setor é muito grande. Até 2030 deve ser possível produzir 25 mil megawatts de energia eólica offshore e outros seis mil megawatts de energia onshore.
Esta não é a primeira vez que uma região da Alemanha tem 100% de sua energia proveniente de fontes renováveis. Feldheim foi a primeira aldeia a ter 300% da eletricidade limpa, produzida por fazendas eólicas e usinas de biogás. Por estarem conectadas às redes de transmissão, as comunidades conseguem vender a energia que sobra e garantirem o abastecimento mesmo que as condições climáticas sejam adversas à produção.