Com cheia, comerciantes reclamam de produtos 'encalhados' em Manaus

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Em comércio do Centro da capital funcionários foram demitidos.
'Antes, vendia R$ 2 mil por dia. Hoje conseguimos R$ 200', diz comerciante.


Camila Henriques
Do G1 AM

A cheia em Manaus não tem afetado apenas os moradores de casas em áreas alagadas das zonas Sul e Oeste da capital. Comerciantes do Centro da cidade também amargam prejuízos e lamentam demissões. Na Rua dos Barés, empresários reclamam de mercadorias "encalhadas" nesse período. Eles relatam ainda que o problema tem gerado demissões. No Amazonas, 39 municípios estão afetados pela cheia dos rios neste ano. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o nível do Rio Negro, que nesta terça-feira (22) mede 29,38 metros, deve começar a baixar em ritmo rápido somente no início de agosto.

Ruas do centro estão alagadas (Foto: Camila Henriques/G1 AM)Ruas do centro estão alagadas (Foto: Camila Henriques/G1 AM)

No Centro de Manaus, o comerciante Wendel Uchôa, dono de um varejão, afirmou que a situação resultou em medidas extremas. "Tínhamos seis funcionários e agora só sobrou um. Precisamos demitir pessoas, porque, simplesmente, não havia como pagá-las. As vendas diminuíram em 90%", disse.

Segundo Wendel, os prejuízos não se resumem ao pagamento de salários. Sem saírem das prateleiras, as mercadorias também precisam ser "despejadas". "Trabalhamos com alimentos perecíveis e, como eles estragam, temos que jogar fora o que não presta mais. Já perdemos toneladas de mercadorias. Antes, vendíamos R$ 2 mil por dia. Hoje, tenho sorte se consigo vender R$ 200", relatou.

Com o problema - que deve se estender até agosto, mês em que a vazante deve acelerar -, o comerciante se sustenta apenas nas remessas de mercadorias para o interior do estado. "É isso que salva, porque se fôssemos depender daqui, estaríamos falidos. As pessoas não querem vir ao Centro durante a cheia. Elas preferem pagar mais caro em um supermercado a ter que comprar comida em um lugar sujo", frisou.

Em uma distribuidora localizada na mesma rua, os comerciantes também reclamam. "Não tenho como saber o quanto deixamos de vender, mas dá para perceber no movimento. Ninguém mais vem para cá. Como trabalhamos com entrega, é ainda mais difícil, porque não tem como o caminhão vir até a porta. Temos que levar caixa por caixa [em cima das marombas, estruturas de madeira que lembram uma ponte], o que deixa o processo bem mais lento", relatou o comerciante Eldo de Freitas.

Um outro comerciante, que não quis se identificar, comentou que a cheia prejudica os serviços prestados aos clientes. "As entregas que fazíamos em vinte minutos agora demoram pelo menos uma hora, e isso em ruas próximas daqui", reclamou.

Procurada pelo G1, a Defesa Civil de Manaus afirmou que as ações referentes à cheia na Rua dos Barés são de descontaminação das águas e construção de passarelas - mais conhecidas como marombas. 

Comércio foi tomado pela cheia (Foto: Camila Henriques/G1 AM)Comércio no Centro de Manaus foi tomado pela cheia (Foto: Camila Henriques/G1 AM)

Cheia

O último balanço da Defesa Civil do Amazonas aponta que 39 municípios foram atingidos pela cheia dos rios. Segundo o órgão, atualmente 37 municípios estão em situação de emergência e dois em estado de calamidade, com mais de 317 mil pessoas afetadas. Neste ano, as cidades começaram a enfrentar o problema em abril.

Em maio, o Rio Negro ultrapassou a marca de 28,94 metros, considerada de emergência, e alcançou a faixa de alerta na capital. A previsão do (CPRM é que o nível rio saia da faixa de alerta em agosto.

Cinco municípios entraram na lista de atingidos: Autazes, Itacoatiara, Anori, Careiro Castanho e Codajás. Além dessas cidades, a lista atualizada inclui as cidades de Borba, Apuí, Envira, Guajará, Ipixuna, Lábrea, Novo Aripuanã, Manicoré, Nova Olinda do Norte, Tapauá, Anamã, Barreirinha, Beruri, Boa Vista do Ramos, Caapiranga, Canutama, Careiro, Careiro da Várzea, Coari, Fonte Boa, Iranduba, Jutaí, Manacapuru, Manaquiri, Maraã, Maués, Nhamundá, Parintins, Pauini, Silves, Tefé, Itamarati, Urucará e Urucurituba.

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