Desmatamento na Amazônia dispara e chega a quase 8 mil km²

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Perda da floresta aumentou 29% entre agosto de 2015 a julho deste ano


Diário do Poder

O desmatamento na Amazônia disparou no último ano, chegando a 7.989 km², o equivalente a mais de cinco vezes a área do município de São Paulo. É o mais alto valor desde 2008, ano em que o combate ao problema se tornou mais efetivo e as taxas anuais de perda da floresta começaram, gradualmente, a cair. E é a primeira vez desde 2010 que a destruição do bioma supera a marca dos 7 mil km². 


Mato Grosso foi um dos campeões de perda da floresta no período de agosto do ano passado a julho deste ano (Foto: Ibama)

Os dados do Prodes, sistema de monitoramento por satélite que fornece o balanço anual do desmatamento na região, foram divulgados nesta terça-feira (29) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O valor observado entre agosto de ano passado e julho deste ano (período em que é medido o desmatamento) é 29% maior que o período de agosto anterior, que tinha registrado perda de 6.207 km².

É o segundo aumento consecutivo. O desmatamento de agosto de 2014 a julho de 2015 já tinha sido 24% maior do que o do período de agosto de 2013 a julho de 2014.

O governo federal já trabalhava há alguns meses com a expectativa de que a perda da floresta iria subir muito além da média que tinha se estabelecido nos últimos anos e já estudava novas medidas para o combate ao desmatamento. Na manhã desta terça, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, apresentou algumas dessas propostas, com novidades no Cadastro Ambiental Rural.

O líder de destruição da floresta foi o Estado do Pará, com 3.025 km², seguido de Mato Grosso, com 1.508 km², e Rondônia, com 1.394 km². Na comparação com o ano anterior, porém, merecem destaque o Amazonas, que teve um aumento de 54% no desmatamento (passando de 712 km² para 1099 km²); seguido de Acre, 47% de aumento (de 264 km² para 389 km²) e o próprio Pará (aumento de 41% - a perda em 2015 tinha sido de 2.153 km²).

No evento da manhã, Sarney Filho já tinha antecipado que houve um aumento do desmatamento na Amazônia nos últimos meses de governo Dilma Rousseff e no começo do mandato de Michel Temer, mas sem citar números.

Causas


“Isso se deu por várias razões. Mas nós estamos retomando o controle do desmatamento e temos certeza que essa tendência será revertida”, afirmou. “Embora seja uma herança, não vamos pelo caminho fácil de dizer que a responsabilidade é da gestão anterior. Temos de nos ater aos pontos fundamentais e dizer que os Estados também têm responsabilidade.”

O coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Márcio Astrini, citou entre as causas do aumento do desmatamento ações tomadas pelo governo federal entre 2012 e 2015, como a anistia de multas por desmatamento ilegal, o abandono de áreas protegidas - reservas ambientais e territórios indígenas - e o anúncio “vergonhoso” das autoridades de zerar o desmatamento apenas em 2030. “A gente vê a floresta sendo morta a prazo”, disse.

No evento, Sarney Filho anunciou que dará concessões para exploração da Floresta Nacional do Caxiuanã, no nos municípios paraenses de Portel e Melgaço, uma área total de 176 mil hectares às madeireiras Benevides Madeiras Ltda e Cemal Comércio Ecológico de Madeiras. O Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão responsável pelas concessões, não especificou quais madeiras serão arrancadas da floresta. As concessões florestais, instituídas por lei em 2006, tinham objetivo de combater o desmatamento.

Mas, especialmente no caso das concessões dadas pelos governos dos Estados, os planos de exploração apenas serviram para legalizar a destruição da floresta. A fiscalização é um gargalo no setor. (AE)




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