Bancos de areia se formaram no canal que faz a ligação com o mar, onde antes só era possível atravessar a nado
Raiana Collier | O Fluminense
A falta de ações e iniciativas para salvar a Lagoa de Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, continua preocupando moradores e frequentadores da região.
O cenário que se observa é de avanço dos blocos de areia por conta do assoreamento tanto em pontos mais externos quanto internos da Lagoa de Itaipu, na Região Oceânica de Niterói | Fotos: Evelen Gouvêa
Mais de seis meses depois da assinatura de documento com o objetivo de recuperar a integridade ambiental e atividades sustentáveis do sistema lagunar de Piratininga e Itaipu, o cenário que se vê é de avanço dos blocos de areia por conta do assoreamento tanto em pontos mais externos quanto internos da lagoa.
O Subcomitê do Sistema Lagunar Itaipu-Piratininga (CLIP) propõe um projeto de aumento de oxigênio nas lagunas, que deve melhorar as condições das duas lagoas. Enquanto isso, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) continua sem previsão para a retomada das obras de desassoreamento dos dois locais, “em função da crise pelo qual passa o Estado do Rio”.
Para o aposentado Luiz Thurler, de 61 anos, a Lagoa de Itaipu está morrendo. Ele lembra que, quando era mais jovem, atravessava o canal artificial a nado. Hoje, fazer o mesmo percurso é tarefa simples com as águas batendo nas canelas.
“Há quatro anos venho tentando chamar atenção para o problema. Acho que é preciso botar uma máquina e tirar a areia. A nascente está fechando. Nunca vi absolutamente nada ser feito nesses anos que moro aqui”, lamentou.
A frequência de banhistas nas areias surgiu com o assoreamento na região do canal artificial aberto nos anos 40, ligando a Praia de Itaipu à de Camboinhas. O integrante do CLIP e biólogo Paulo Bidegain explicou que o assoreamento nessa região acontece por ação do mar.
“O assoreamento no canal é basicamente areia, empurrada diariamente pelo mar. Muito entra e pouco sai. O canal até funcionou por bastante tempo”, defendeu.
Nas partes mais internas da Lagoa, a situação é diferente. Paulo não vê a dragagem do canal da Lagoa de Itaipu como prioridade. Ele explicou que a medida não seria capaz de resolver o problema do assoreamento, principalmente por conta de sua composição.
“Na parte interna da lagoa, apenas um quarto do assoreamento é de areia do mar. O resto é lodo que é, essencialmente, matéria orgânica. Esse lodo é provocado pelo esgoto depositado durante dezenas de anos na Lagoa, que funcionava como uma espécie de estação de tratamento de esgoto de toda a Região Oceânica”, apontou.
O biólogo explica que, em determinado momento de sua história, a Lagoa “entrou em colapso”, e não conseguiu mais processar o esgoto nela depositado. Para ele, a solução para o problema se divide em duas frentes de ação: tratamento de esgoto que ainda é depositado na Lagoa, e um projeto de injeção de microbolhas que transformaria o habitat aquático de anaeróbico para aeróbico, ativando o trabalho de bilhões de bactérias, que podem reduzir a camada de lodo em um metro.
Segundo o Inea, a qualidade da água dos rios da bacia drenante da lagoa de Itaipu “não se apresentam em condições satisfatórias em termos de qualidade de água, em função da contribuição de esgotos irregulares”. O órgão alegou que tem se esforçado para regularizar as ligações clandestinas de esgotos da região por meio do projeto Se Liga, em parceria com a Prefeitura de Niterói e a Concessionária Águas de Niterói. A concessionária realiza um levantamento prévio dos imóveis não conectados em área contemplada por rede coletora e os repassa para que possamos adotar medidas administrativas, assim adequando o lançamento de seus efluentes. Até o momento, foram notificados 900 imóveis com eficácia de 92,41% das ligações.
O instituto, porém, não dá informações sobre o projeto das microbolhas, promovendo aumento do oxigênio dissolvido no sedimento e coluna d’água. A iniciativa, continua sem perspectivas de sair do papel. Sem perspectivas está também o programa de recuperação das lagoas do Inea, parado há quase um ano.
A prefeitura informou que a limpeza do entorno da lagoa é realizada de forma manual, uma vez por semana. Quinzenalmente (principalmente no período de chuvas) é realizado serviço de roçadeira no local. Quando necessário, é realizada também a limpeza com auxílio de maquinários específicos para remoção de entulhos.
Para o aposentado Luiz Thurler, de 61 anos, a Lagoa de Itaipu está morrendo. Ele lembra que, quando era mais jovem, atravessava o canal artificial a nado. Hoje, fazer o mesmo percurso é tarefa simples com as águas batendo nas canelas.
“Há quatro anos venho tentando chamar atenção para o problema. Acho que é preciso botar uma máquina e tirar a areia. A nascente está fechando. Nunca vi absolutamente nada ser feito nesses anos que moro aqui”, lamentou.
A frequência de banhistas nas areias surgiu com o assoreamento na região do canal artificial aberto nos anos 40, ligando a Praia de Itaipu à de Camboinhas. O integrante do CLIP e biólogo Paulo Bidegain explicou que o assoreamento nessa região acontece por ação do mar.
“O assoreamento no canal é basicamente areia, empurrada diariamente pelo mar. Muito entra e pouco sai. O canal até funcionou por bastante tempo”, defendeu.
Nas partes mais internas da Lagoa, a situação é diferente. Paulo não vê a dragagem do canal da Lagoa de Itaipu como prioridade. Ele explicou que a medida não seria capaz de resolver o problema do assoreamento, principalmente por conta de sua composição.
“Na parte interna da lagoa, apenas um quarto do assoreamento é de areia do mar. O resto é lodo que é, essencialmente, matéria orgânica. Esse lodo é provocado pelo esgoto depositado durante dezenas de anos na Lagoa, que funcionava como uma espécie de estação de tratamento de esgoto de toda a Região Oceânica”, apontou.
O biólogo explica que, em determinado momento de sua história, a Lagoa “entrou em colapso”, e não conseguiu mais processar o esgoto nela depositado. Para ele, a solução para o problema se divide em duas frentes de ação: tratamento de esgoto que ainda é depositado na Lagoa, e um projeto de injeção de microbolhas que transformaria o habitat aquático de anaeróbico para aeróbico, ativando o trabalho de bilhões de bactérias, que podem reduzir a camada de lodo em um metro.
Segundo o Inea, a qualidade da água dos rios da bacia drenante da lagoa de Itaipu “não se apresentam em condições satisfatórias em termos de qualidade de água, em função da contribuição de esgotos irregulares”. O órgão alegou que tem se esforçado para regularizar as ligações clandestinas de esgotos da região por meio do projeto Se Liga, em parceria com a Prefeitura de Niterói e a Concessionária Águas de Niterói. A concessionária realiza um levantamento prévio dos imóveis não conectados em área contemplada por rede coletora e os repassa para que possamos adotar medidas administrativas, assim adequando o lançamento de seus efluentes. Até o momento, foram notificados 900 imóveis com eficácia de 92,41% das ligações.
O instituto, porém, não dá informações sobre o projeto das microbolhas, promovendo aumento do oxigênio dissolvido no sedimento e coluna d’água. A iniciativa, continua sem perspectivas de sair do papel. Sem perspectivas está também o programa de recuperação das lagoas do Inea, parado há quase um ano.
A prefeitura informou que a limpeza do entorno da lagoa é realizada de forma manual, uma vez por semana. Quinzenalmente (principalmente no período de chuvas) é realizado serviço de roçadeira no local. Quando necessário, é realizada também a limpeza com auxílio de maquinários específicos para remoção de entulhos.