Campanha espalha caixas coletoras de lixo eletrônico em pontos turísticos do Rio de Janeiro; saiba como fazer o descarte

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Tech Trash foca no consumidor individual que não sabe onde jogar fora aparelhos em desuso. AquaRio coleta 200 kg de lixo eletrônico, que serão trocados por ingressos doados a uma ONG.


Por Alba Valéria Mendonça | G1 Rio

O mundo cada vez mais tecnológico não traz só mais praticidade para a população, mas também uma nova preocupação: o lixo eletrônico. Para ajudar quem não faz ideia de como descartar aparelhos como computadores e micro-ondas escangalhados, uma campanha está recebendo esse material em parques turísticos do Rio.
Claúdia Peixoto / Arte G1 Rio

Até o próximo domingo (15), pontos de coleta estarão nos parques do Grupo Cataratas - AquaRio, RioZoo e Paineiras/Corcovado, na Floresta da Tijuca. A iniciativa é parceria entre uma empresa e as administrações dos locais. Confira no fim desta reportagem o endereço de outros pontos de coleta fixos no Rio.

Embora o Brasil produza 7,4 quilos de lixo eletrônico por habitante – de acordo com dados da ONU de 2016 - pouca gente sabe o que fazer com o aparelho eletroeletrônico que não serve mais. E desconhece os riscos à saúde e de contaminação do solo e dos lençóis freáticos quando jogado fora de forma inadequada, misturado ao lixo orgânico, em aterros sanitários comuns.

Todo equipamento eletrônico ou movido a energia – eletricidade, pilha ou bateria – quando fora de uso é considerado lixo eletrônico. Mesmo aquele brinquedinho inocente que toca canções de ninar, assim como fones de ouvido, ferro de passar, secador de cabelo e o marcador do kit-gás do carro.

Normalmente empresas firmam contratos com especializadas em coleta e reciclagem de resíduos sólidos e produtos perigosos. Mas o consumidor comum desconhece o que fazer, onde descartar corretamente aquele celular velho, o computador ultrapassado, a máquina fotográfica do tempo da vovó. E mesmo pilhas, baterias e lâmpadas queimadas.

Se antes a Comlurb chegou a fazer a coleta de pilhas e baterias em lixeiras próprias, desde a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) de 2010, a responsabilidade de coleta desse tipo de material passou a ser dos próprios fabricantes, importadores e comerciantes, que deveriam manter pontos de entrega voluntários em locais como supermercados.

Mas é muito difícil encontrar um ponto de coleta de eletrônicos na cidade. E muito menos saber qual a trilha que o lixo eletrônico tem de percorrer para não comprometer o meio ambiente e a saúde da população.

Primeira empresa autorizada e certificada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para fazer a coleta de lixo eletrônico pessoal ou residencial no Rio, a Tech Trash mostra o caminho das pedras. Ou melhor, do lixo.

Criada em outubro de 2017 pelo geógrafo Caio Miranda e pelo bacharel em Relações Internacionais Lucas Palazzo, a Tech Trash já espalhou 30 caixas coletoras de eletroeletrônicos em lojas, pizzarias e shoppings, pensando principalmente na coleta do lixo eletrônico que está na casa das pessoas. Miranda conta que o lixo eletrônico precisa passar pelos seguintes processos: coleta, transporte, triagem, reaproveitamento e destinação final.

“A gente recolhe praticamente tudo. Até mesmo grandes volumes e quantidades. Levamos para o galpão, onde o material é pesado e passa por uma triagem. Ou seja, é separado: celular, notebook, computador, micro-ondas etc. Depois todos os equipamentos são analisados por um técnico, que verifica o que está funcionando, o que pode ser consertado e é destinado para reúso”, explica Miranda, que já vendeu computadores reciclados a preços bem mais em conta para uma associação de moradores.

O eletrônico que não tem mais jeito passa pelo processo chamado manufatura reversa. É desmontado, e peças como placas, bateria, cabos, alumínio e plástico são separadas. Há empresas especializadas que compram placas para a retirada do ouro. Se uma ventoinha, por exemplo, estiver funcionando, vai para um lote de reúso; se estiver quebrada, é desmontada, e suas partes de metal são separadas. E assim os equipamentos vão sendo fracionados.

Alguns materiais, como máquinas fotográficas, equipamentos de som e de vídeo em bom estado físico, mas que não funcionam mais, já começam a ser preparados na Tech Trash para serem usados como peças decorativas.

A Tech Trash, que é uma gerenciadora de coleta, tem parceria com a Zyklus, que fica responsável por reciclar o material que sobra dessa desmontagem. Pilhas e baterias vão para usinas de reciclagem própria para mexer com materiais químicos, como lítio, mercúrio e cádmio. Lâmpadas fluorescentes também são destinadas a usinas especializadas na reciclagem e na destinação final.

“Até recebemos pilhas, baterias e lâmpadas, que ficam em tambores fechados, reservados a materiais perigosos, que depois são enviados para as usinas em São Paulo que mexem com esses materiais. A destinação final de todo lixo eletrônico que sobra é feita num aterro especial”, acrescenta Miranda, que informa que a Tech Trash não tem autorização para coletar geladeira, freezer nem ar-condicionado, que usam gás de amônia nos equipamentos.

No Rio, são poucas as empresas que fazem a coleta e dão destinação final ao lixo eletrônico. Todas são particulares, e a maioria se restringe à coleta em empresas. Mas, de acordo com o CEO da Tech Trash, é preciso começar a conscientizar e a fazer um trabalho de educação ambiental com a população a respeito do descarte dos resíduos sólidos.

“Fazemos também coleta de empresas, mas nosso foco principal é no consumidor que não tem onde descartar esse material. Até o fim do ano esperamos estar com 450 caixas em restaurantes, pizzarias, lojas e shoppings, onde as pessoas podem se desfazer de seus eletrônicos. A gente tem de ter cuidado com o meio ambiente, e é nossa responsabilidade jogar o lixo fora no lugar certo”, diz Miranda, acrescentando que, no Brasil, somente 2% do lixo eletrônico é reciclado.

Outras empresas que coletam lixo eletrônico

O descarte do lixo eletrônico, em especial celulares e acessórios, pode ser feitos nas lojas das operadoras de telefonia Vivo, Tim, Oi e Claro.

Desde fevereiro de 2017, supermercados da rede Carrefour têm caixas de coleta de lâmpadas fluorescentes, em parceria com a Reciclus, associação de produtores e importadores de lâmpadas, que encaminham o descarte para reciclagem dos componentes. O vidro, por exemplo, pode ser usado na produção de cimento ou asfalto. As lojas do Carrefour também fazem a coleta de pilhas e baterias usadas e cartuchos de impressoras.

A Coop Céu Azul, uma cooperativa que há nove anos coleta lixo eletrônico na cidade, tem apenas um ponto de coleta para o descarte individual, na Galeria Info Zona Sul, em Botafogo. Segundo o presidente Luiz Carlos Lima Pinho, a cooperativa também recebe na sede em Vigário Geral, na Zona Norte, a coleta e triagem de grandes volume de material descartado por empresas. Basta entrar em contato através do e-mail contato@e-lixo-rj.com.br.

Campanha chama a atenção para descarte adequado

Aproveitando o mês do meio ambiente, os parques do Grupo Cataratas - AquaRio, RioZoo e Paineiras/Corcovado, na Floresta da Tijuca - decidiram promover uma campanha para conscientizar a população a respeito de descarte adequado do lixo eletrônico. Eles fizeram uma parceria com a Tech Trash e se transformaram em ponto de coleta para esse tipo de lixo e orientam os visitantes sobre os benefícios da reciclagem. A campanha vai até 15 de julho.

Resultado: o grupo conseguiu reunir cerca de 200 quilos de lixo eletrônico – tablets, celulares, fones de ouvido, máquinas fotográficas - que foram trocados por 80 ingressos, que vão ser doados à Rio Abrace. A ONG de Olaria, na Zona Norte do Rio, presta assistência a idosos, adultos e crianças com câncer.

“O lixo eletrônico que é jogado em lixeiras comuns e misturado aos outros objetos de consumo traz muitos prejuízos à natureza e consequências a toda a população. Por isso, a importância desse trabalho de orientação, educação ambiental e conscientização. É um trabalho de formiguinha, que tem a gente vai fazendo aos poucos, mas acreditando num bom resultado”, disse Nadja Oliveira, analista ambiental do Grupo Cataratas, que estuda a possibilidade de transformar os parques em pontos permanentes de coleta.

O perigo não é só para o meio ambiente. Como a maioria dos equipamentos eletroeletrônicos costuma ter substâncias químicas, como chumbo, cádmio, mercúrio, é preciso ter cuidado no manuseio desses materiais, que podem causar muitas e variadas doenças. Principalmente para aquelas pessoas que frequentam lixões, já que geralmente lixo eletrônico é erradamente misturado ao lixo doméstico.

PONTOS DE COLETA DA TECH TRASH

Zona Sul (telefonia e informática)

  • Loja Ahlma (Rua Carlos Góis, 208 - Leblon)
  • T.T. Burger (Av. Ataulfo de Paiva, 1240 - Leblon)
  • Shopping Rio Design (Av. Ataulfo de Paiva, 270 - 2º Piso - Leblon)
  • Rede Entropia (Rua das Acácias,19 - Gávea)
  • Nex Coworking (Ladeira da Glória, 26 - Bloco 3 - Glória)
  • Unirio (Rua Voluntários da Pátria, 107 - Botafogo)
  • Loja Rio2Love (Rua Visconde de Pirajá, 82 - Ipanema)
  • Botafogo Praia Shopping (Praia de Botafogo, 400 - Botafogo)
  • Loja Reserva (Shopping Fashion Mall, 2º Piso - São Conrado)
  • Casa Vezpa (Rua Pinheiro Guimarães, 91 - Botafogo)
  • Rede Asta (Rua Gago Coutinho, 66 - loja A - Laranjeiras)
  • Vezpa (Rua Barata Ribeiro, 344 - loja A - Copacabana)
  • Vezpa (Av. Ataulfo de Paiva, 1063 - Leblon)
  • Vezpa (R. Gustavo Sampaio, 361 - Leme)
  • Paineiras/Corcovado (Estrada das Paineiras, S/N - Cosme Velho)
Zona Sul (eletroeletrônicos grandes)
  • Galpão das Artes Urbanas (Av. Padre Leonel Franca, S/N - Gávea)

Zona Norte (telefonia e informática)
  • Fundação Riozoo (Parque da Quinta da Boa Vista, S/N - São Cristóvão)
  • Residencial Messias (Rua Desembargador Isidro, 119 - Tijuca)
  • Shopping Boulevard (Rua Barão de São Francisco, 236 - Vila Isabel)
Zona Norte (eletroeletrônicos grandes)
  • Posto BR – Jurema (Rua Conde de Bonfim, 734 - Tijuca)
  • Maraca Hostel (Rua Ribeiro Guimarães, 367 - Tijuca)
  • Casa Anitcha (Rua Sá Viana, 205 - Grajaú)
  • One O One Coworking (Rua Nossa Sra. de Lourdes, 101 - Grajaú)
Centro (telefonia e informática)
  • T.T. Burger (Rua da Quitanda, 17)
  • Sabor Saúde (Rua da Quitanda, 21)
Zona Oeste (telefonia e informática)
  • Rio Design Barra (Av. das Américas, 7777 - Barra da Tijuca)
  • Ijoker (Av. das Américas, 3120 - loja 213 - Barra da Tijuca)
  • Associação Bosque Marapendi (Av. Pref. Dulcídio Cardoso, 1250 - Barra da Tijuca)
  • Vezpa (Av. Marechal Henrique Lott, 120 - Parque das Rosas - Barra da Tijuca)
  • Campo de Golfe Olímpico (Av. Gen. Moisés Castelo Branco Filho, 700 - Barra da Tijuca)

Baixada Fluminense (telefonia e informática)
  • Shopping Nova Iguaçu (Av. Abílio Augusto Távora, 1.111 - Bairro da Luz - Nova Iguaçu)

Além desse pontos de coleta, a Tech Trash também atende a pedidos para coleta em domicílios e empresa pelo telefone 9-9399-5236.

Pontos de coleta do Hipermercado Carrefour
  • Norteshopping (Av. Dom Hélder Câmara, 5474 - Cachambi)
  • Sulacap (Av. Marechal Fontenelli, 3555)
  • Barra da Tijuca (Av. das Américas, 5150)
  • Campo Grande (Estr. das Capoeiras, 355)
  • Duque de Caxias (Av. Brigadeiro Lima e Silva, 1363 - 25 de Agosto)
  • Duque de Caxias (Rod. Washington Luís, 4735 - Parque Sarapuí)
  • São Gonçalo (Av. Alfredo Backer, 500 - Alcântara)
  • São Gonçalo ( Rua Oliveira Botelho, 349 - Neves)
  • Belford Roxo (Av. Jorge Julio da Costa dos Santos, 200 - Centro)
Pontos de coleta da Cooperativa Céu Azul
  • Sede (R. Isidro Rocha, 70 - Vigário Geral)
  • Galeria Info Zona Sul (Rua Voluntários da Pátria, 261 - Box 29 - Botafogo)

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