Segundo mineradora, escolha do ponto que levava à rota de fuga foi equivocada. Local foi destruído por lama.
Por Jornal Nacional
O Plano de Emergência da barragem I da Mina Córrego do Feijão, de 18 de abril de 2018, aponta que a Vale já sabia que um eventual rompimento da barragem destruiria as áreas industriais da mina, incluindo o restaurante e a sede da unidade, onde estavam muitas pessoas que morreram ou desapareceram. A informação foi divulgada no jornal Folha de São Paulo desta sexta-feira (1º). A Rede Globo confirmou as informações.
O Plano de Emergência da barragem I da Mina Córrego do Feijão, de 18 de abril de 2018, aponta que a Vale já sabia que um eventual rompimento da barragem destruiria as áreas industriais da mina, incluindo o restaurante e a sede da unidade, onde estavam muitas pessoas que morreram ou desapareceram. A informação foi divulgada no jornal Folha de São Paulo desta sexta-feira (1º). A Rede Globo confirmou as informações.
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O mapa da inundação está no anexo A. No caso de Brumadinho, previa que a lama chegaria a 65 quilômetros da barragem I.
O plano previa que "diferentes mecanismos de comunicação seriam utilizados, com o uso de acionamentos sonoros”. A Vale afirmou que o plano de ações emergenciais foi elaborado com base em um estudo de ruptura hipotética, que definiu a mancha de inundação. Que a estrutura tinha sistema de vídeo monitoramento, sistema de alerta por sirenes, que elas tinham sido testadas. E também havia feito o cadastramento da população abaixo da barragem.
A mineradora declarou também que fez uma simulação em junho do ano passado, sob a coordenação das defesas civis. E um treinamento interno com os funcionários em outubro. Por fim, a mineradora citou que protocolou os planos nas defesas civis federal, estadual e municipal entre junho e setembro do ano passado.
Ainda de acordo com a mineradora, a barragem passava por inspeções quinzenais, que não detectaram nenhuma alteração na estrutura.
O presidente da Vale, Fábio Xuartsman, admitiu, nesta quinta-feira que as sirenes não funcionaram. Segundo ele, porque foram engolidas pela lama. “A sirene, ela é uma coisa trágica acabou que, em geral pelo que o histórico de barragens mostra, ele em geral vem com algum aviso. Isso acontece aos poucos. E aqui aconteceu um fato que não é muito usual: houve um rompimento muito rápido da barragem e o problema da sirene é que a sirene que ia tocar foi engolfada pelo... foi engolfada pela barragem, antes que ela pudesse tocar, só isso.
A engenheira geotécnica, Rafaela Baldi Fernandes, especialista em barragens e em planos de ação, afirma que mesmo que uma sirene tivesse falhado, a Vale, obrigatoriamente, deveria ter um outro plano. “A sirene podia até ter ido embora. Mas tinha que ter um plano B, sabe? No plano, a gente estabelece alguns dispositivos. A gente não fica só preso a um. E, por exemplo, a gente nunca põe uma sirene só. Agente põe duas, porque o dispositivo mecânico ele pode falhar. A gente nunca põe um telefone de uma pessoa para ligar. A gente põe o telefone de várias pessoas, porque essa pessoa pode não atender”.
A Polícia Federal trabalha com a hipótese de falha no plano de ação emergencial, que a Vale apresentou às autoridades para conseguir o licenciamento da barragem. Segundo a Vale, a escolha do ponto que levava à rota de fuga, onde funcionários chegaram a fazer treinamento em junho do ano passado, foi equivocada. Esse local - que deveria ajudar a salvar vidas ficou completamente coberto pela lama.
A polícia vai investigar falha no projeto de construção de todo o complexo da Vale em Córrego do Feijão. A empresa construiu a área administrativa e o refeitório num terreno abaixo da barragem e no caminho da lama, já apontado como local de risco na simulação de um desastre.
"Uma barragem, ela não cai de uma hora para outra. Ela não acorda num dia e fala assim: hoje eu vou romper. Como é uma estrutura que a gente projeta, aquilo é uma matemática tem uma física bem definida. Ela é projetada. Ela é calculada”, afirmou Rafaela.
Rangel, era um trabalhador terceirizado na mina e estava em processo de contratação pela Vale. Ele conta que conseguiu escapar da tragédia porque não seguiu o protocolo de segurança da mineradora.
“Os portões estavam fechados tivemos que quebrar algumas partes que dava para quebrar para dar fuga para mim e outras pessoas. Devo ter corrido mais ou menos 1 km até portaria e depois mata fechada com o tempo ela passou, a barragem e voltamos para estrada principal e fomos orientados a ir para o alto”, contou.