Óleo no litoral: pescadores prejudicados fazem cadastro social para receber seguro defeso

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Governo estadual contabiliza quantos estão sem trabalhar devido ao desastre ambiental para informar ao Ministério da Agricultura e solicita que benefício seja pago a mais trabalhadores.


Por G1 PE e TV Globo

Com as dificuldades enfrentadas por pescadores e marisqueiros para retomar o trabalho após o óleo atingir praias e manguezais, o governo de Pernambuco iniciou um cadastro desses trabalhadores. Também foi solicitada uma audiência no Ministério da Agricultura, em Brasília, sobre o pagamento do seguro defeso aos profissionais que estão sem trabalhar.

Foto de 22 de outubro mostra soldados do Exército e voluntários retirando manchas de óleo da praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho (PE) — Foto: Diego Nigro/Reuters
Foto de 22 de outubro mostra soldados do Exército e voluntários retirando manchas de óleo da praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho (PE) — Foto: Diego Nigro/Reuters

O auxílio é de um salário mínimo e, de acordo com o governo federal, deve ser pago aos que já são beneficiários, segundo o o secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto. “Aqui em Pernambuco, apenas quem pesca lagosta tem direito. A gente está falando aí, no máximo, de 400 pessoas. Esse seguro tem que ser pago a todos os pescadores”, disse.

Segundo o secretário, o governador Paulo Câmara (PSB) enviou um documento ao Ministério da Agricultura na sexta-feira (25), e, em paralelo, equipes têm feito um levantamento para contabilizar a quantidade de trabalhadores prejudicados pelo óleo.

“A gente precisa chegar no Ministério dizendo o número. Essas pessoas não estão vendendo seus produtos porque não querem. Pela legislação brasileira, pelo Plano de Contingência, a responsabilidade é do governo federal enquanto não se identificar o agente poluidor”, afirmou Peixoto.

O trabalho acontece em municípios como o Cabo de Santo Agostinho, que teve praias afetadas pelo óleo. “Estamos fazendo esse cadastro, um estudo socioeconômico, de composição familiar. A gente faz essa identificação e verifica qual a necessidade emergencial”, contou a secretária de Programas Sociais, Edna Gomes.

Para a proteção de estuários, berçário de espécies marinhas, o governo estadual decidiu detectar quais os pontos têm óleo para fazer um trabalho de perfuração. “Desde o primeiro dia, o óleo sedimentou quando entrou em contato com a água doce e a maré vem e traz areia”, explicou o secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, José Bertotti.

Diante dessa movimentação natural, autoridades estaduais optaram por utilizar máquinas para retirar o óleo enterrado. “Ficou indicado, inclusive, trazer uma bomba de sucção. Se colocar uma retroescavadeira, pode tirar 80% do óleo, mas vai enterrar os outros 20%”, afirmou Bertotti.

Trabalho voluntário

Desde que o óleo voltou a atingir o litoral pernambucano, no dia 17 de outubro, voluntários dedicam horas para ajudar na limpeza das praias do estado. Apesar da presença das Forças Armadas, locais como Itamaracá continuaram a receber o apoio do trabalho voluntário. Luciana Naira é uma dessas pessoas que trocaram os momentos de folga pela limpeza da costa.

"O que nos motiva é ver que, se não fizermos, não vai ter quem faça. Já chorei bastante, mas quando a gente olha um para o outro, a gente dá a mão e segue", disse a voluntária.

As roupas de banho perderam lugar temporariamente para calças, blusas de manga, chapéu, máscara e bota, itens de equipamento de proteção individual (EPI) para tirar o óleo que se espalha pelo litoral pernambucano.

Os voluntários também receberam doações de lanches e água para conseguirem realizar a limpeza. "A gente passa a semana toda recolhendo doações e divulgando nas redes sociais para conseguir mais insumos", declarou a voluntária Beatriz Amaral.

Outros jovens também se mobilizaram para limpar as praias. Entre eles, um grupo de Carpina, na Zona da Mata. "Estou fazendo meu papel de cidadão. Não é perder um domingo, é ganhar um domingo porque estamos fazendo uma benfeitoria que vai beneficiar a gente e a população", contou o voluntário Sérgio Moura.

Ao chegarem ao Grande Recife, eles receberam EPIs e um treinamento básico para o primeiro dia de voluntariado. "Quando fico em casa, fico angustiada de não estar aqui ajudando, fazendo alguma coisa que está ao meu alcance para minimizar os danos", afirmou Camille Azevedo.

Cidades afetadas

Entre o dia 17 de outubro e a sexta-feira (25), foram recolhidas 1.447 toneladas de óleo no estado. Desde setembro até domingo (27), foram atingidos 13 municípios: Barreiros, Cabo de Santo Agostinho, Goiana, Itamaracá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Recife, Rio Formoso, São José da Coroa Grande, Sirinhaém e Tamandaré.

O volume de óleo começou a ser contabilizado em 17 de outubro porque foi quando, depois de quase um mês, as manchas voltaram a aparecer em Pernambuco e atingiram São José da Coroa Grande, município da Zona da Mata que teve o decreto de situação de emergência reconhecido pelo governo federal.

O desastre ambiental no litoral nordestino deixou o setor turístico apreensivo, com diminuição de reservas em hotéis de Pernambuco nos próximos meses.



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