Projeto Panamazônia mostra alteração na floresta desde a década de 1970

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Ecopress com informações do Min de Ciência e Tecnologia

Imagens de satélites registradas por mais de três décadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) têm sido decisivas para avaliar o processo histórico de ocupação na Amazônia. O Brasil possui um dos acervos de imagens de satélites mais antigos do mundo, pois recebe os dados do Landsat desde 1973 através da estação do Inpe em Cuiabá (MT).

O satélite norte-americano foi lançado em 1972 e foi o primeiro equipamento orbital de sensoriamento remoto de recursos terrestres, sendo o Brasil o terceiro país a receber este tipo de imagem, depois apenas dos Estados Unidos e Canadá. A partir de 1999, com o lançamento do primeiro satélite da série CBERS, o País passou a contar também com os dados do sensor sino-brasileiro, que possui características semelhantes ao Landsat.

"Estes dados são fundamentais para estudar o espaço geoambiental da floresta tropical sul-americana. As imagens dos satélites Landsat 1, 2 e 3 gravadas exclusivamente sobre a Amazônia sul-americana pela estação brasileira no período de 1973 e 1987, integradas ao acervo já disponível das imagens CBERS, transformaram-se na "pedra de toque" para a compreensão do cenário das transformações na cobertura de florestas do domínio panamazônico nos últimos 35 anos", destaca Paulo Roberto Martini, coordenador do Projeto Panamazônia II no Inpe, que está mapeando mais de 7 milhões de quilômetros quadrados com imagens orbitais.

"Temos como paradigma os procedimentos estabelecidos pelos projetos Prodes e Deter, também do Inpe, porém com avanços significativos quanto à legenda", avalia.

A legenda dos mapas do Projeto Panamazônia II mostra, além do desflorestamento, as áreas de rebrota, de queimadas e, principalmente, as culturas agrícolas que estão avançando sobre as áreas desmatadas. Este processo de mapeamento utiliza imagens Modis calibradas geometricamente pelos mosaicos Geocover, produtos disponibilizados pela Nasa, a agência espacial norte-americana.

"O método tem como suporte a ferramenta Spring, desenvolvida pelo Inpe, na qual o procedimento de edição matricial permite a fotointerpretação no contexto digital, renovando a interatividade da inteligência com as imagens. E tudo isto se tornou possível na medida que as imagens mais antigas da Amazônia ficaram disponíveis", comenta Martini.

Como explica o coordenador do Panamazônia II, o mapeamento é feito por edição matricial com o software Sring das primeiras alterações da cobertura florestal amazônica na década de 1970, usando os registros dos bancos de dados georrefenciados. Em Sinop (MT), por exemplo, a partir dos arquivos digitais dos limites de estado e de município, fornecidos pelo IBGE, foram registradas imagens do acervo do Inpe do período 1973-2007. A interpretação desse banco permitiu estudar como a cobertura florestal original foi transformada em pastagens e culturas agrícolas ao longo do tempo.

Este método denominado de "panamazônico" está sendo levado para todo o domínio da floresta tropical sul-americana com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). A orientação técnica para agentes das instituições de pesquisas dos demais países amazônicos é feita por uma equipe de 12 pesquisadores da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe.

No exemplo referente ao município de Sinop, imagem do Sensor MSS-Varredor Multiespectral do satélite Landsat 1 obtida ao final da década de 1970 mostra quando as primeiras terras do norte do Mato Grosso tiveram sua cobertura florestal transformada em ambiente agrícola. As imagens seguintes do Mosaico Geocover (1990 e 2000), CCD/CBERS (2004) e Modis (2006) deixam clara toda a evolução do uso da terra na região onde a floresta foi sistematicamente substituída por cultura agrícola.

"O mapeamento destas modificações tem precisão cartográfica e ótima qualificação temática uma vez que os bancos são georreferenciados a partir dos pontos de controle extraídos de mosaico ortorretificado (Geocover), enquanto a fotointerpretação a nível digital é feita pelos especialistas do Inpe com toda a experiência acumulada nos últimos 30 anos pelos projetos Prodes e Deter", afirma Martini.

No XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto , que acontece de 21 a 26 deste mês, em Florianópolis (SC), o trabalho "Monitoramento do desflorestamento em escala global: uma proposta baseada nos projetos Prodes e Deter", que demonstra a metodologia desenvolvida para o Panamazônia, será apresentado em sessão técnica por Valdete Duarte, da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe.

A programação completa do evento está no site http://www.dsr.inpe.br/sbsr2007/

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