Valor Econômico
Do Rio
O planejamento energético do Brasil até 2030 abre espaço para uma maior participação da fonte
nuclear na expansão da matriz de energia do país. Márcio Zimmermann, secretário de planejamento e desenvolvimento do Ministério de Minas e Energia, disse ontem que o governo trabalha com a hipótese de construção de mais quatro a oito usinas Nucleares, além de Angra 3. As usinas, com custo unitário de cerca de US$ 2 bilhões, teriam capacidade de gerar mil megawatts (MW) cada uma.
Zimmermann disse que o Plano Nacional de Energia 2030, trabalho de planejamento de longo
prazo, deverá ser aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na próxima reunião.
O CNPE, formado por dez ministros, é órgão de assessoramento do presidente da República.
Ao participar ontem do Fórum Nacional, no Rio, Zimmermann mostrou que a energia nuclear é
competitiva frente a outras fontes de geração. Segundo ele, o custo de uma usina nuclear que opera com 90% da capacidade é de R$ 151,6 por megawatt hora (MWh). Já a tarifa de uma térmica a gás natural que opere com fator de capacidade de 94% é de R$ 175 por MWh.
"Na energia nuclear o investimento inicial é alto e o custo de operação baixo", disse o secretário.
Ele avaliou que a energia nuclear não só é competitiva em termos de preços como tem vantagens quando se analisa os efeitos da geração de energia sobre o aquecimento global. Zimmermann disse que a curto prazo o Brasil será a terceira maior reserva de urânio do mundo, atrás da Rússia e EUA.
Ele disse que a estimativa é de que a participação da fonte nuclear na matriz de energia elétrica
brasileira passe de 1% para 3%. O parque nuclear poderia sair dos atuais 2 mil MW para 9,3 mil ou 11,3 mil MW em 2030. Hoje o Brasil tem duas usinas nucleares: Angra I, com capacidade de 657 MW, e Angra II, com 1.350 MW.
(FG, com Agência O Globo).