Projetos antecipam o uso do biodiesel

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João Guedes

Enquanto a legislação prevê um lento processo de implantação do biodiesel na matriz energética brasileira, nas frotas de ônibus e trens de empresas como Codepas, ALL e Vale do Rio Doce esse processo deve ser acelerado por projetos que prevêem a ampliação na utilização do biocombustível. A partir do ano que vem, todo o óleo diesel vendido no País terá a adição de 2% de biodiesel (mistura B2). Mas o objetivo das empresas é ir além da mistura oferecida no mercado, abastecendo seus veículos com misturas com até 30% do óleo vegetal (mistura B30).

Esse é o plano da prefeitura de Passo Fundo, que firmou um protocolo de intenções com a BSBios para o emprego da mistura B30 nas frotas de veículos da administração direta e da Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas), empresa controlada pela prefeitura que atua no transporte público no município.

Para levar o projeto adiante, a prefeitura espera por uma autorização especial da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que precisa liberar toda utilização de combustíveis especiais. O pedido já foi encaminhado ao órgão, que espera por um laudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para emitir a autorização. A expectativa é de iniciar o uso do insumo já no início de 2008, segundo o diretor-presidente da Codepas, Ilmo Santos.

Somente a Codepas gasta 65 mil litros de combustível por mês para movimentar sua frota de 37 ônibus, responsável pelo transporte de 350 mil passageiros por mês. Com o projeto, a empresa passaria a utilizar mensalmente 19,5 mil litros de biodiesel, o equivalente a 30% do consumo total.

De acordo com Santos, o objetivo central da proposta é reduzir o impacto ambiental das atividades da prefeitura e da empresa de transporte. A mudança não deve representar uma economia nas despesas com combustíveis. Atualmente, a Codepas gasta R$ 109,8 mil por mês e a expectativa é manter as despesas com o insumo no mesmo patamar.

O protocolo de intenções não prevê um prazo mínimo para a utilização do combustível. Para Santos, a tendência é de que a adoção da mistura B30 seja permanente, desde que não se verifiquem problemas nas operações. "Ainda não fizemos testes, mas sabemos que o combustível pode melhorar sistemas de lubrificação", ressalta Santos.

Também com objetivo de reduzir a poluição gerada pela suas operações, a ALL planeja implementar o uso de biodiesel B20 em sua frota de trens a partir de 2008. A empresa já usa mistura B2 e agora busca na ANP autorização para testes com o B20.

A empresa já realizou teste em laboratório de emissão de gases do insumo e agora espera por uma autorização especial para promover testes de campo. O problema é que, para atividades experimentais, a legislação permite o uso de no máximo de 10 mil litros do combustível por mês, mas, para a companhia seriam necessários 30 mil litros.

Assim que tiver o aval da agência, a empresa vai poder averiguar a eficiência energética do B20, assim como fazer novos levantamentos sobre a poluição gerada pelo combustível. "De posse de resultado vamos fazer uma análise econômica e financeira para apurar a viabilidade", explica o superintendente de suprimentos da ALL, Carlos Eduardo Monteiro de Barros. Com um consumo mensal de 23 milhões de litros de óleo diesel, a ALL planeja realizar os testes e obter a licença final até dezembro. "Queremos entrar em 2008 aptos a usar o B20", explica Barros.

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