Eles não estão relacionados ao turismo ou moradores do local. Praia do Pântano do Sul fica no Sul da Ilha de Santa Catarina.
Por Joana Caldas | g1 SC
Apesar de o Pântano do Sul, no Sul da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, ser a praia mais poluída por microplásticos do Brasil, nem o turismo nem os moradores do local são responsáveis por gerar essa situação. Os resíduos vêm do oceano durante eventos climáticos, como as frentes frias, explicou o professor Alexander Turra, do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP).
Trabalho com peneira durante pesquisa de análise de resíduos na praia do Pântano do Sul, em Florianópolis — Foto: Sea Shepard/Divulgação |
Turra, que também é coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, foi um dos participantes do estudo sobre os resíduos na costa brasileira, feito pela Organização Não Governamental Sea Shepard em parceria com a USP. O Pântano do Sul é praia do país com mais densidade de macrorresíduos, macroplásticos e microplásticos por metro quadrado.
Apesar de acumular os maiores índices dos resíduos plásticos, a orla é própria para banho de mar, conforme as últimas quatro análises do Instituto do Meio Ambiente (IMA), elaboradas entre abril e maio deste ano.
Como foi feita a análise da praia?
No estudo, os pesquisadores procuraram por macrorresíduos, macroplásticos e microplásticos em 306 praias do Brasil. Em todas elas, foram encontrados resíduos.A pesquisa foi divulgada na quinta-feira (19). Foram 16 meses de expedição, 7 mil quilômetros percorridos e 201 municípios visitados.
A presidente da Sea Shepard, Nathalie Gil, explicou que as análises foram feitas a partir de coletas na areia. Em cada praia, foram escolhidos, aleatoriamente, 100 metros de faixa de areia.
Em seguida, essa área foi separada em 20 de 5 metros cada. Depois, foram sorteadas quatro dessas partes para a coleta de macrorresíduos e outras quatro para os microplásticos.
Macrorresíduos são todos aqueles maiores do que meio centímetro. Todos os encontrados foram registrados em uma tabela.
No caso dos microplásticos, foram peneirados 2,5 centímetros de areia. A ferramenta consegue filtrar tudo que tem de 1 a 5 milímetros.
O que foi encontrado desse tamanho foi colocado dentro de um saco. Depois, o material foi levado para o Instituto de Oceanografia da USP para análise.
Características dos resíduos no Pântano do Sul
De acordo com o professor, 80% dos resíduos de macroplástico e microplásticos não puderam ser identificados."Isso significa uma coisa muito peculiar: que são resíduos gerados ao longo do mundo que ficam muito tempo no oceano e que, em determinadas ocasiões, acabam arribando, acabam chegando no Pântano do Sul", declarou o professor.
"Muito provavelmente o que acontece é que ocorrem picos disso. Associados a eventos mais extremos, por exemplo, quando você tem uma frente fria, a gente tende a ter esses resíduos arribando na nossa costa", completou.
Uma característica local que acaba contribuindo para o acúmulo de resíduos é o isolamento, conforme o professor.
"A praia do Pântano do Sul é uma praia remota, é uma praia distante, uma praia em que não tem procedimento de limpeza constante ou frequente. E isso acaba fazendo com que haja um acúmulo desses resíduos que chegam na praia e lá ficam ao longo do tempo".
Segundo ele, isso é comum em todo o mundo em casos de lugares remotos. Além disso, para a limpeza de microplásticos, não são todas as técnicas que funcionam.
"Em algumas praias no Rio de Janeiro, existem uns carrinhos que tem uma peneirinha com uma malha de cinco milímetros e que retira itens até esse tamanho. Então é como se fosse um rastelo com rodas com essa peneirinha, uma peneirinha com rodas. É uma coisa muito legal. Ele tira muito resíduo e não afeta tanto a fauna porque é um é um material leve".
Sobre a limpeza do Pântano do Sul, a Prefeitura de Florianópolis disse em nota que "a limpeza de mais de 40 km de orla é feita diariamente na cidade. A administração volta a reafirmar que os microplásticos nas praias não são resultado de poluição local, mas de resíduos transportados por correntes marítimas, uma tendência global. O próprio estudo revela que as praias mais afetadas são as mais isoladas e protegidas. Lembramos também que a praia tem qualidade da água própria para banho ao longo de todo ano".
Santa Catarina na pesquisa
A mesma pesquisa aponta a Praia do Rizzo, na região continental da capital de Santa Catarina, como terceira no ranking de poluição. Com isso, Florianópolis é a terceira cidade do país com a maior densidade de microplástico por metro quadrado.
Conforme o relatório, a poluição do oceano causada por plásticos é descrita pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos maiores problemas ambientais da história.
Microplásticos foram encontrados em 97% dos locais analisados no Brasil. Do total de poluentes, 91% são plásticos, sendo 61% itens descartáveis, como tampas de garrafa. Entre os macrorresíduos, o maior volume encontrado foi o de bitucas de cigarro.
Os detritos entram facilmente na cadeia alimentar por animais que se alimentam no oceano. Em 2023, o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) já havia detectado glitter e microplástico em ostras e mariscos. O estado é o maior produtor dos mexilhões no país.
Já a Praia do Rizzo está localizada no bairro Coqueiros, local de muita movimentação residencial e de empresas. O Instituto do Meio Ambiente (IMA) não faz análises de balneabilidade no local. O g1 questionou a prefeitura da Capital se o local é próprio para banho, mas não houve retorno.
Microplásticos foram encontrados em 97% dos locais analisados no Brasil. Do total de poluentes, 91% são plásticos, sendo 61% itens descartáveis, como tampas de garrafa. Entre os macrorresíduos, o maior volume encontrado foi o de bitucas de cigarro.
Os detritos entram facilmente na cadeia alimentar por animais que se alimentam no oceano. Em 2023, o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) já havia detectado glitter e microplástico em ostras e mariscos. O estado é o maior produtor dos mexilhões no país.
Onde ficam
A Praia do Pântano do Sul fica no extremo Sul da Ilha de Santa Catarina. Com mar calmo, o balneário ainda preserva tranquilidade e é um dos locais mais tradicionais da cidade, com forte influência açoriana.Já a Praia do Rizzo está localizada no bairro Coqueiros, local de muita movimentação residencial e de empresas. O Instituto do Meio Ambiente (IMA) não faz análises de balneabilidade no local. O g1 questionou a prefeitura da Capital se o local é próprio para banho, mas não houve retorno.
Praias mais poluídas
Macrorresíduos são, por exemplo, objetos como cigarros.
Chamado de 'Expedição Ondas Limpas', o monitoramento usou a metodologia científica conforme o protocolo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP em inglês) para a coleta de dados. As amostras foram analisadas em laboratório.
Para uma análise mais precisa e comparável entre as diferentes regiões, a pesquisa usou uma abordagem que considera a densidade de resíduos por unidade de área, permitindo uma comparação mais justa entre as áreas mais e menos poluídas. O estudo foi patrocinada pela Odontoprev.
A Prefeitura, por meio Secretaria municipal de meio ambiente sustentável, explica que os microplásticos nas praias não são resultado de poluição local, mas sim de resíduos transportados por correntes oceânicas oriundas de outras regiões. O próprio estudo revela que as praias mais afetadas são as mais isoladas e protegidas. Plásticos descartados de forma inadequada em outras regiões do globo terrestre se fragmentam e chegam às praias, mesmo que estas não sejam poluídas diretamente. Lembramos que a praia do Pântano do Sul tem sua qualidade de água própria para banho, apresentando balneabilidade própria ao longo de todo ano.
O monitoramento da balneabilidade que o IMA faz segue os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e tem o objetivo de informar aos banhistas os pontos considerados seguros, do ponto de vista sanitário, também serve para auxiliar os gestores municipais na área de saneamento básico, na tomada de decisões sustentáveis e em relação à necessidade de se investir em ações voltadas ao esgotamento sanitário, sejam elas estruturais ou estruturantes, preventivas ou corretivas.
A água é considerada: Própria: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 mililitros. Imprópria: quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, for superior que 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.
Portanto, são análises diferentes. O monitoramento realizado pelo IMA considera, em especial, a qualidade sanitária das águas buscando informar aos usuários a propriedade ou impropriedade, do ponto de vista sanitário.
Para uma análise mais precisa e comparável entre as diferentes regiões, a pesquisa usou uma abordagem que considera a densidade de resíduos por unidade de área, permitindo uma comparação mais justa entre as áreas mais e menos poluídas. O estudo foi patrocinada pela Odontoprev.
O que diz a prefeitura
Confira abaixo a nota da Prefeitura de Florianópolis na íntegra.A Prefeitura, por meio Secretaria municipal de meio ambiente sustentável, explica que os microplásticos nas praias não são resultado de poluição local, mas sim de resíduos transportados por correntes oceânicas oriundas de outras regiões. O próprio estudo revela que as praias mais afetadas são as mais isoladas e protegidas. Plásticos descartados de forma inadequada em outras regiões do globo terrestre se fragmentam e chegam às praias, mesmo que estas não sejam poluídas diretamente. Lembramos que a praia do Pântano do Sul tem sua qualidade de água própria para banho, apresentando balneabilidade própria ao longo de todo ano.
O que diz o IMA
Sobre a balneabilidade da praia do Pântano do Sul, o IMA informou que:O monitoramento da balneabilidade que o IMA faz segue os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e tem o objetivo de informar aos banhistas os pontos considerados seguros, do ponto de vista sanitário, também serve para auxiliar os gestores municipais na área de saneamento básico, na tomada de decisões sustentáveis e em relação à necessidade de se investir em ações voltadas ao esgotamento sanitário, sejam elas estruturais ou estruturantes, preventivas ou corretivas.
A água é considerada: Própria: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 mililitros. Imprópria: quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, for superior que 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.
Portanto, são análises diferentes. O monitoramento realizado pelo IMA considera, em especial, a qualidade sanitária das águas buscando informar aos usuários a propriedade ou impropriedade, do ponto de vista sanitário.