Mundo importará mais de US$ 1 trilhão em comida

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Mesmo com uma supersafra, a alta nos preços dos alimentos fará com que o mundo tenha de importar mais de US$ 1 trilhão em alimentos em 2008. O alerta é da FAO que, em um relatório publicado ontem, revela que os preços dos alimentos não vão sofrer uma queda substancial e que um novo patamar foi estabelecido para os próximos anos. Na avaliação da entidade, o Brasil deve ganhar mercados em vários setores e se beneficiar da alta, como na venda de carnes e até no milho. Mas nem toda a inflação deve ter uma repercussão positiva para o Brasil, principalmente no que se refere ao trigo e arroz.

O novo patamar nos preços será mantido mesmo diante de uma projeção de produção recorde de alguns produtos, como os cereais. Algumas commodities tiveram seus preços reduzidos nas últimas semanas. Mas não voltarão aos níveis anteriores. De fato, desde fevereiro os preços médios têm se estabilizado em alguns setores. Mas o problema é que haviam sofrido uma alta de 53% nos quatro meses anteriores e as projeções são de que a pressão inflacionária poderia existir pelos próximos dez anos. Segundo a FAO, a supersafra de 2008 será registrada em vários setores.

Os americanos terão sua maior produção de trigo desde 1998, com um crescimento de 16%. A União Européia, que liberalizou sua produção, terá uma safra 13% maior. O plantio de arroz deve crescer em 2,3%. Ao contrário de 2007, haverá mais produção do que consumo de arroz, considerado como base da alimentação de cerca de metade da humanidade. Mas, diante das barreiras às exportações em vários países, a previsão é de que não haverá arroz suficiente no mercado internacional para derrubar a cotação, que teve alta de 71% no primeiro quadrimestre.

Para a FAO, portanto, o impacto da alta será significativo. Os países mais pobres terão de pagar US$ 169 bilhões neste ano para se alimentar, 40% a mais que em 2007 e quatro vezes mais que o que importaram em 2000. Para a entidade, a solução seria uma maior ajuda da comunidade internacional à essas economias. O pior, segundo a agência da ONU, é que essa alta não significa que vão comprar mais alimentos. Alguns estão até mesmo cortando as importações.

No total, o mundo gastará US$ 215 bilhões a mais neste ano que a conta da alimentação em 2007, uma alta de 26%. Grande parte dessa conta irá para pagar pelo arroz, trigo e óleos vegetais. Os três setores atingiram níveis recordes de preço. Só o arroz aumentou em 77% desde o final do ano passado, mesmo com a projeção de uma produção recorde. O trigo teve uma alta de 60% nos seus preços.

Os motivos são variados, incluindo a explosão nos preços dos fertilizantes, custo do frete que duplicou em alguns casos e a especulação. Esses fatores explicariam ainda a alta de 30% nos preços do açúcar e principalmente no comércio de milho, com até mesmo uma queda nas importações. Para a FAO, o cenário deve levar a um aumento da fome no mundo. "Alimentos não são mais baratos como foram", afirmou o diretor-assistente da FAO, Hafez Ghanem. Hoje, são 854 milhões de famintos no mundo, mas esse número deve aumentar. Para a ONU, a crise é a pior em mais de meio século.

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