Defesa Civil estima mais de 100 mortos em SC devido às chuvas; Lula deve liberar R$ 700 milhões

0


Em São Paulo

A Defesa Civil de Santa Catarina estima em mais de cem os mortos em decorrência das chuvas no Estado. Até as 23h de terça-feira, foram contabilizadas 84 mortes e 36 pessoas estavam desaparecidas. Vinte das vítimas fatais são de Blumenau. Pelo balanço oficial, há 54.039 desalojados e desabrigados, sendo 22.952 desabrigados e 31.087 desalojados. No início da tarde, foi registrada a primeira morte na capital Florianópolis. O corpo foi encontrado na SC-401, dentro de um carro atingido pelos escombros da queda de uma barreira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar nesta quarta-feira uma medida provisória liberando recursos para ajudar Estados afetados por enchentes decorrentes de chuvas. Segundo fontes do Palácio do Planalto, a estimativa é de que, no total, sejam liberados R$ 700 milhões. A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmou nesta terça que o governo federal vai realizar "todos os esforços" para reduzir as conseqüências das enchentes.

Segundo balanço mais recente divulgado pela Celesc, 106.123 mil pontos estão sem energia elétrica.

Nos oito municípios isolados, seis cidades decretaram estado de calamidade pública e sete estão em estado de emergência. Embora não conste da lista da Defesa Civil, o prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing (DEM), afirmou que decretou estado de calamidade pública no município. O mesmo ocorreu em Itajaí, onde o número de desabrigados e desalojados é de cerca de 15 mil. Jaraguá do Sul também decretou estado de emergência.

Estragos

Blumenau é uma das cidades mais atingidas. O prefeito afirmou que irá levar comida e mantimentos de helicóptero para as vítimas das enchentes. Itajaí amanheceu nesta terça-feira (25) com 90% de sua extensão inundada. Em apenas um dos bairros - o Fazenda - a água não invadiu as casas. Pelo menos duas pessoas morreram - uma por afogamento e outra eletrocutada. Cerca de mil estão desabrigados e dois mil estão desalojados.

Cerca de 400 turistas que estavam ilhados em um parque aquático no município de Gaspar, uma das cidades mais atingidas, se recusaram a entrar em dois helicópteros do Corpo de Bombeiros e seguiram, na tarde desta terça-feira, para o centro da cidade à pé, por uma trilha na mata aberta, escoltados por bombeiros.

O governo federal anunciou que vai liberar cerca de R$ 40 milhões para a recuperação das rodovias federais danificadas. No Paraná, um novo deslizamento impede a liberação da BR-376.

Nesta madrugada, segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, as chuvas foram menos intensas. Choveu principalmente no litoral, mas os índices pluviométricos não passavam de 1 milímetro por hora, o que é uma chuva considerada de intensidade pequena. Os índices mais preocupantes são aqueles que passam dos 10 milímetros por hora, segundo a Defesa Civil.

O Exército deslocou 500 militares para prestar socorro às vítimas das enchentes em Blumenau e trabalha com o auxílio de quatro aeronaves, 17 caminhões e 12 barcos para recolher grupos isolados em vários pontos da cidade. Um deslizamento de terra no começo da manhã de hoje atrapalhou os trabalhos de reparo na rede elétrica. A recomendação do Exército é de que as pessoas evitem sair às ruas. Uma pessoa também morreu em Guaratuba, cidade do Paraná.

Em Itajaí, deslizamentos, alagamentos e malha viária danificada deixam 1.200 desabrigados e 2.000 desalojados. A cidade contabiliza duas mortes nesta terça. O secretário da Infra-Estrutura de Santa Catarina, Romualdo Theophanes França, informou que as chuvas irão atrasar obras do PAC no Estado.

Diversos trechos de rodovias estaduais e federais estão interditados por causa de deslizamentos e queda de barreiras. Ainda há risco de acidentes, por isso, a Defesa Civil orienta a população a usar seus veículos apenas em casos de emergência.

Prejuízos econômicos

Além das mortes e das milhares de pessoas desabrigadas, as chuvas também trouxeram prejuízos econômicos ao Estado. O setor de turismo e transporte já foram afetados. O porto de Itajaí, o maior do Estado, está fechado desde a última quinta-feira (20).

Com as interdições o acesso a Balneário Camboriú, um dos principais destinos turísticos do Estado, já ficou prejudicando, gerando prejuízo principalmente na rede hoteleira.

Moradores começaram a saquear supermercados e residências e a polícia teve que reforçar a segurança nas cidades mais afetadas pela chuva. Segundo o secretário de Segurança, Ronaldo Benedet, os furtos não se referem somente a objetos de necessidade, como alimentos e roupas, mas a produtos sem utilidade para a situação, como eletrodomésticos.

Ajuda de outros Estados e doações

Diversos Estados enviaram reforços e ajuda para Santa Catarina. Os governos de São Paulo e Minas Gerais encaminharam na tarde de segunda (24) quatro unidades para auxiliar nos trabalhos de resgate. Na tarde desta terça, São Paulo enviou mais um helicóptero para auxiliar nas buscas por vítimas. O governo federal enviou ministros, como José Gomes Temporão (Saúde), ao Estado. O Ministério encaminhou ao governo catarinense 100 kits de assistência farmacêutica que serão distribuídos aos 50 municípios mais atingidos pela chuva.

Cestas básicas, colchões, cobertores e kits de higiene estão sendo entregues às famílias atingidas pela chuva. A Defesa Civil distribui alimentos, água potável e medicamentos. Em Florianópolis, doações podem ser feitas no Portal do Turismo, Assembléia Legislativa e Procon. No interior do Estado, os produtos devem ser encaminhados aos abrigos, Defesa Civil e prefeituras. O governo pede prioridade à doação de água potável para as cidades atingidas, como Itajaí, onde a falta de água é crítica.

A recomendação é de que produtos de limpeza não sejam misturados com alimentos e roupa. Os alimentos devem estar dentro da validade, de preferência não perecíveis e com a embalagem em boas condições.

Para quem deseja ajudar as vítimas com doações em dinheiro, a Defesa Civil disponibilizou três contas correntes: no Banco do Brasil, a agência é 3582-3, conta corrente 80.000-7; no Besc, agência 068-0, conta corrente 80.000-0; e no Bradesco S/A - 237, agência 0348-4, conta corrente 160.000-1. O nome da pessoa jurídica é Fundo Estadual da Defesa Civil, CNPJ - 04.426.883/0001-57.

Chuvas em Santa Catarina danificam gasoduto Brasil-Bolívia

O abastecimento de gás entre o município de Guaramirim, em Santa Catarina, até o Rio Grande do Sul, foi interrompido na noite de ontem por causa das chuvas, segundo nota divulgada pela Transportadora Brasileira Gasoduto Brasil-Bolívia.

De acordo com a nota da TBG, a interrupção se deu por conta de um acidente no duto, seguido de fogo e ruído elevado, no trecho do gasoduto Brasil-Bolívia, na localidade de Belchior, em Blumenau, em Santa Catarina.
Não há registro de vítimas ou danos a edificações, de acordo com a empresa, e o vazamento e o fogo foram debelados após o fechamento das válvulas de segurança do gasoduto próximas ao local do vazamento.

No sábado (22), outro duto foi rompido em Santa Catarina. De acordo com a SC Gás, a queda de uma parte do leito da pista da rodovia BR 470, na altura do km 41,5, pressionou a tubulação do duto, o que ocasionou o vazamento do gás, bloqueio imediato das válvulas e incêndio no local. Por causa do acidente, as cidades de Blumenau, Gaspar, Pomerode, Timbó e Indaial estão sem abastecimento de gás.

Segundo a Defesa Civil, o fornecimento de gás à região deve ser normalizado em cerca de 21 dias.

Os acidentes ocorreram por conta das fortes chuvas e inundações ocorridas na região de Santa Catarina. Tanto a TBG quanto a SC Gás acionaram imediatamente seus planos de contingência, com a mobilização de equipamentos, materiais e recursos humanos para efetuar o reparo dos gasodutos.

* Com informações da Folha Online e das agências Estado e Brasil

Postar um comentário

0Comentários

Please Select Embedded Mode To show the Comment System.*

#buttons=(Ok, vamos lá!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Check Now
Ok, Go it!