Os desafios climáticos exigem respostas globais

0


Ozires Silva

As mudanças climáticas certamente constituem na atualidade um dos problemas que mais pressionam as preocupações relacionadas com o meio ambiente, afetando a comunidade internacional, o mundo dos negócios e os cidadãos individualmente.

Há uma consciência generalizada sobre as previsões alertadas pelos especialistas, relativas a muito provável - e quase certa - ocorrência de um expressivo aumento do aquecimento global, cujos efeitos diretos já se pensa que são reais e estamos sentindo.

A maioria da comunidade científica já aceita e seriamente discute os efeitos das ações humanas, que se praticam hoje, dentro das comuns atividades produtivas e de serviços, prevendo que a temperatura média do planeta deve subir de 1 a 6 graus Celsius nos próximo 100 anos.

Muitos podem considerar isto pouco, mas mesmo valores menores podem dar origem a dramáticos efeitos, prevêem os pesquisadores, como degelos polares, distúrbios atmosféricos, furacões, inundações mais freqüentes, elevação do nível dos mares, desertificação, etc.

Tudo isso poderá provocar outros resultados tais como crescentes dificuldades para o uso agrícola do solo, queda do suprimento adequado de água potável, surgimento de novas e mais sofisticadas doenças e pragas atacando os seres humanos, animais e culturas vegetais, além de outras ocorrências de difícil previsão.

Os diagnósticos produzidos indicam que a causa maior destas previsões, nada aceitáveis e certamente preocupantes, são os bilhões de toneladas de dióxido de carbono e outros gases, decorrentes da queima de enormes volumes de petróleo, gás natural, carvão e outros, incluindo mesmo os chamados biocombustíveis, obtidos a partir de fontes energéticas alternativas. Muitos argumentam que, se colocarmos uma hipótese de se conseguir estabilizar a concentração do mesmo não reduzindo os índices atuais e evitar a aceleração do acréscimo da temperatura, as emissões globais de dióxido de carbono precisariam ser cortadas, o mais rapidamente possível, para pelo menos 70%/80% do que se produz na atualidade. A pergunta que precisa ser feita e respondida seria: "É isto possível?". A resposta deve ser "sim" e precisa ser materializada, por meio do uso de formas energéticas limpas, a partir de fontes renováveis. É necessário que se encontrem mecanismos capazes de assegurar a redução das emissões nocivas dos sistemas de transformação térmica que se usa no mundo atual. Os maiores vilões de tudo isso certamente são decorrentes do uso do petróleo e de outros combustíveis fósseis como produtores de energia mecânica, propelindo veículos de todo o mundo, logo seguidos pelos efluentes industriais muito mais variados e que não são poucos. Embora possamos reconhecer que o petróleo é uma extraordinária matéria-prima e que o pior dos seus usos é queimá-lo como produtor de energia, temos de encontrar fórmulas para substituí-lo, pois, além de tudo, ele o faz com enorme ineficiência.

Os seres humanos, ao longo de milhares de anos, destacaram-se dos animais pela sua capacidade intelectual, expressivamente diferente dos outros habitantes do planeta. Usando somente as matérias-primas disponíveis na Terra, o homem conseguiu resultados fantásticos que mudaram o seu modo de viver, abandonando as cavernas e criando uma sociedade que, vista por qualquer dos ângulos, é sofisticada e diferente do que aquela inicial que a natureza nos proporcionou.

Assim, temos razões para acreditar e, mais do que isso, perseverar, e do mesmo modo que pôde conquistar fantásticos horizontes o homem tem a capacidade e competência para pesquisar e encontrar soluções, aplicando ações e buscando eliminar os problemas que criou para o meio ambiente global.

Não se pode permanecer imobilizado, ou insuficientemente mobilizado, no campo dos diagnósticos e das previsões, colocando como vaticínio o que já está previsto para ocorrer não está sujeito a ser interrompido. Ao contrário, temos de aceitar desafios e, usando o melhor da capacidade intelectual, encontrar e aplicar alternativas que superem as catastróficas antecipações que nos atingem todos os dias. Muitas soluções já estão se tornando visíveis e não implementadas sob muitos argumentos, eventualmente aceitos como plausíveis, mas limitados por restrições e argumentos de caráter econômico, rotulando-as como caras e não viáveis. Contudo, é essencial escrutinar essa pergunta mais profundamente, argüindo-nos sobre o que seja realmente caro? Será que há algo mais caro do que o fascinante mundo no qual vivemos?

kicker: Já sentimosos impactos dramáticos do aumento da temperatura

OZIRES SILVA* - Reitor da Unimonte, Santos (SP), e ex-presidente da Embraer

Postar um comentário

0Comentários

Please Select Embedded Mode To show the Comment System.*

#buttons=(Ok, vamos lá!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Check Now
Ok, Go it!