Raimundo Garrone*, Efrém Ribeiro* e Isabela Martin
SÃO LUÍS, TERESINA e FORTALEZA.
A cidade maranhense de Trizidela do Vale, de 18,3 mil habitantes, a 280 quilômetros de São Luís, está praticamente debaixo d’água. À beira do Rio Mearim, que já subiu mais de seis metros do seu nível normal, ela tem agências bancárias, postos dos Correios, cemitério, farmácias, igrejas e postes de eletricidade submersos. Todos os desabrigados estão alojados em escolas públicas no município vizinho de Pedreiras.
Segundo a Defesa Civil, 90% dos moradores foram atingidos pelas chuvas que caem ininterruptamente desde o início de abril. Não é o único município nessas condições: na área rural de Bacabal (MA), a água cobriu o telhado de dezenas de casas.
O transporte de medicamentos e cestas básicas para Trizidela é feito por um helicóptero da FAB.
O Ministério da Saúde mandou antitérmicos, antibióticos e material de uso ambulatorial.
A Defesa Civil calcula que já são mais de 900 mil pessoas atingidas pelas enchentes no Norte e Nordeste, 200 mil só no Maranhão, onde 66 mil pessoas estão desalojadas ou desabrigadas e sete morreram. Ao todo, foram registradas 44 mortes.
— O número de vítimas cresce sem parar — disse o major Abner Ferreira, da Defesa Civil.
Ontem, um avião com doações de São Paulo pousou em São Luís com 6 toneladas de medicamentos e 8 toneladas de alimentos.
Foram abertas frentes para arrecadar alimentos, remédios e dinheiro. O governo do estado articula a participação de times de futebol nas campanhas de arrecadação.
No Piauí, três pessoas morreram: um empresário de Luzilândia; uma agricultora aposentada de Barras; e um garoto de 13 anos de Parnaíba, a segunda maior cidade do estado.
Segundo o secretário estadual de Defesa Civil, Fernando Monteiro, o número de famílias desabrigadas aumentou para 14.500, em 37 municípios. Houve aumento de desabrigados em Barras, Batalha, Esperantina e União, para onde foram enviadas cestas de alimentos, colchões e material de limpeza.
No Ceará, três municípios estão em situação crítica: Granja, no Norte, e Itaiçaba, no Baixo Jaguaribe, têm 90% da área submersas; Bela Cruz está em estado crítico. Socorro só pode chegar de barco ou helicóptero. Os alagamentos foram provocados pelas cheias nas bacias do Coreaú e Acaraú.
Com quase todos os açudes sangrando, há excesso de água no Rio Acaraú, que banha as cidades.