RODRIGO VARGAS, EM CUIABÁ
Mais de 60 mil hectares de vegetação nativa foram destruídos desde o início da temporada de queimadas no Pantanal, em abril. A área é equivalente a cerca de 400 parques Ibirapuera, em São Paulo.
O levantamento foi divulgado pela superintendência do Ibama em Mato Grosso do Sul, que atribui o cenário a uma combinação de seca intensa com a ação do homem.
"Num ambiente com grande quantidade de vegetação seca, qualquer manejo de pasto com fogo ou mesmo uma pequena fogueira de um pescador podem desencadear um incêndio", diz o superintendente regional, David Lourenço.
Apenas em maio, 374 focos de queimadas foram registrados na região de Corumbá (440 km de Campo Grande), considerada o epicentro do problema. O número representa um aumento de 712% em relação aos registros no mesmo mês em 2008 (50). De janeiro a maio, Mato Grosso do Sul já contabiliza 980 focos de calor, o equivalente a 65% do acumulado em todo o ano passado.
"Desse total, 80% foram na região de Corumbá", afirma Márcio Yule, coordenador do Prevfogo (Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, do Ibama).
Segundo a Embrapa Pantanal, o nível do rio Paraguai deverá atingir em maio a terceira cota mais baixa para o período nos últimos 35 anos.
A falta de chuvas, diz Yule, antecipou a abertura de acessos por terra ao Pantanal. Focos de incêndio foram registrados em pastagens nativas à beira do rio Paraguai - o fogo é usado para limpeza, renovação e abertura de áreas para o gado.
Ontem, em Corumbá, a chuva ajudou a extinguir o fogo que se alastrava nas proximidades da zona urbana.
Segundo o Ibama, a operação de emergência para combate de focos - que inclui helicóptero e 24 bombeiros - será ampliada com a criação de uma brigada de incêndio, da qual participarão Exército e Marinha.