Informação está no próprio site da agência, agora o próximo passo é a realização dos Estudos de Viabilidade Econômica
ELAÍZE FARIAS – A CRÍTICA
A construção de sete usinas hidrelétricas com potencial de 2.790 MWh no Amazonas e Mato Grosso já foi aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A reportagem do jornal A CRÍTICA encontrou a informação no próprio site do órgão. Quatro dessas usinas, construídas na bacia do rio Aripuanã, no sudeste do Estado, serão no Estado do Amazonas, na região dos municípios de Novo Aripuanã e Apuí, que não serão atendidos pela geração de energia dos empreendimentos.
Em documento assinado pelo superintendente de gestão e estudos hidreoenergéticos da Aneel, Odenir José dos reis, o órgão declara “Aceitar os Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã”, sub-bacia 15, nos Estados de Mato Grosso e do Amazonas, apresentados pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE”. A medida sinaliza que o passo será a realização dos Estudos de Viabilidade Econômica.
No Amazonas, a construção de hidrelétricas vai impactar várias unidades de conservação. A principal delas é a Parque Nacional Campos Amazônicos. A Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto também será afetada.
Na reunião que ocorreu em Manaus, no último dia
A analista Geise Canalez, mesmo informada de que o inventário já foi apresentado e aceito, iria enviar até o próximo dia 30 informações para serem adicionadas nos estudos (o inventário está disponível no site da EPE). Ela demonstrou surpresa com o aceite da Aneel e afirmou que os estudos feitos pela EPE nas unidades de conservação não foram comunicados à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).
Sem divulgação
A pesquisadora independente da área de energia, Telma Monteiro, que mantém um blog sobre as obras de hidrelétricas na Amazônia e acompanha todos os trâmites de estudos da EPE, disse que a Aneel mantém seus documentos nos sites, mas não se preocupa em divulgá-los.
“Falta transparência quando são tomadas as decisões. O pior é que está claro que quatro dos aproveitamentos estão parcialmente em terras indígenas, mais um motivo para levar a discussão a público. Foram realizados os estudos na sub bacia 15 do rio Aripuanã onde estão 19 unidades de conservação. A pergunta é: por que estudar algum tipo de interferência em uma região tão preservada e protegida?”, questionou Telma.
Para a pesquisadora, as hidrelétricas criam impactos que se propagam em círculos concêntricos. Ela conta que as interferências se manifestarão desde o momento em que os estudos de viabilidade forem aprovados, pois a mídia vai se encarregar de divulgar, o movimento migratório vai começar e não terá como ser parado.
“Teremos uma repetição dos dramas do rio Madeira com Santo Antõnio e Jirau, de Belo Monte e de outras tantas que a
sociedade absorve e esquece, pois a próxima hidrelétrica ou projeto já está pronta para disparar como uma bala na agulha”, destacou.