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O governo do Japão reconheceu pela primeira vez nesta quinta-feira que a usina nuclear de Fukushima joga 300 toneladas diárias de água contaminada no mar. Tóquio também anunciou que apoiará as obras para contenção do material da planta, destruída após o terremoto seguido de tsunami de 2011.
A informação é revelada após uma série de comunicados feitos pela Tokyo Electric Power, operadora da usina, nos últimos meses mostrando preocupação com vazamentos nos reservatórios da água usada para resfriar os reatores, cujas proteções foram destruídas após o acidente.
No entanto, o Executivo advertiu que a maior parte da água contaminada lançada ao mar se limita às regiões próximas da central, cujo porto se encontra isolado do oceano Pacífico por diques. Para tentar conter a fuga, o primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, ordenou ao Ministério de Economia que financie a recuperação da área.
A intenção do governo é apoiar um projeto que pretende congelar a terra ao redor da usina nuclear para bloquear a fuga de água contaminada. Para tanto, solicitará ao Parlamento a liberação de recursos para a limpeza, que deverá levar 40 anos e custará US$ 11 bilhões (R$ 25,3 bilhões).
Esta é a primeira vez que o governo japonês liberará dinheiro público para a contenção dos vazamentos na usina nuclear. Antes, o Estado só havia destinado verbas para cobrir os custos do acidente na central e na indenização dos moradores afetados na região, estimadas em US$ 30 bilhões (R$ 69 bilhões).
OPERADORA
Mais cedo, a operadora da usina disse que não tem como prever a quantidade de água que está vazando para o oceano. Para a empresa, a maior preocupação ainda é o resíduo que infiltra dos reservatórios abaixo dos reatores e atinge a terra, inacessíveis em sua maioria devido à alta radiação.
Diante dessa situação, o operador de Fukushima construiu umas barreiras subterrâneas nos porões e, a partir do início desta semana, começou a bombear e armazenar essa água nos mais de mil tanques contêineres levados ao complexo.
No entanto, estes contêineres já se encontram próximo ao limite de suas capacidades e, por isso, o procedimento de criar muros protetores mediante a um processo de congelamento do solo aparece como a medida mais efetiva neste momento, segundo os especialistas.
Após o acidente nuclear de Fukushima em 2011, o pior desde Chernobyl em 1986, cerca de 3.500 operários tentam conter o vazamento. Devido à tragédia, mais de 160 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas e uma área com raio de 20 km foi isolada devido à alta radioatividade.