Produção de biocombustível cria, por acaso, óleo comestível feito de algas

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Em busca do biocombustível, a companhia norte-americana Solazyme acabou desenvolvendo óleo e farinha de alga que farão sucesso na cozinha vegana

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No intento inicial de produzir biocombustível, a companhia Solazyme acabou desenvolvendo, por meio da biotecnologia, outros tipos de óleos que servem de matéria-prima para diversos produtos. A companhia continua investindo no desenvolvimento de seu objetivo final, o biocombustível, mas descobriu, por exemplo, uma forma de produzir um delicioso brioche vegano sem glúten, no qual a manteiga e o ovo são substituídos pelo óleo de alga.

Em 2003, dois colegas de faculdade decidiram que "salvariam o mundo" a partir de uma ideia inovadora, e assim criaram a companhia Solazyme. De início, ela visava cultivar alga para produção de hidrogênio como combustível, mas verificou-se que a produção de óleo seria muito mais eficiente.

Como funciona?

De acordo com relato para a revista Scientific American, os idealizadores perceberam que as algas produzem óleo de maneira muito semelhante ao modo como a gordura é feita pelo corpo humano. A partir dessa ideia, a companhia desenvolveu uma forma de cultivo dessas algas, o que traria eficácia na produção do óleo. São utilizadas microalgas do tipo heterotrófico, isso é, que possuem a capacidade de se desenvolverem na ausência de luz, e, pelo processo de fermentação do açúcar, produzem o óleo. Para o aumento da produção, são inseridos genes de outras plantas nas algas, que diversificam sua alimentação e fazem com que elas cresçam mais rápido.

Apesar da inserção de genes de outros organismos, o óleo produzido não é considerado como Organismo Geneticamente Modificado (OGM). Segundo um dos cofundadores da empresa, Harrison Dillon, o óleo não se qualifica nessa categoria, pois os genes modificados ou proteínas não compõem o produto final.

Alga para tudo

A companhia tem feito testes regulares em carros a partir de biodiesel de alga, além de já ter fornecido o combustível para a marinha dos Estados Unidos em 2012. Em 2011, foram feitos testes até com aviões em um acordo envolvendo a United Airlines. O objetivo final do projeto seria o de acabar com os combustíveis a base de petróleo, no entanto, devido à demanda de quantidade, eles não estão aptos a competir no mercado atualmente.

A Solazyme tem parcerias também com as empresas de cosméticos Mitsui e Akzo Nobel. Isso porque foi notado que algumas células que desenvolviam uma forma de proteção, produziam ácidos gordurosos semelhantes aos ácidos usados em cosméticos contra o envelhecimento.

O óleo de alga pode substituir até o óleo de palma, que é encontrado em diversos produtos, desde alimentos industrializados, como cookies e outras comidas gordurosas, até sabonetes e biodiesel. O grande problema da produção do óleo de palma é a devastação de florestas. Na Indonésia, em partes da Ásia, África, América Central e América do sul, ocorreram intensos desmatamentos para ceder espaço para a plantação da palmeira.

Solazyme no Brasil

Um dos problemas enfrentados pela companhia foi o alto custo do açúcar para alimentar e desenvolver as algas no escuro. A companhia fez uma parceria com a grande empresa de alimentos Bunge para poder se instalar ao lado de uma indústria de processamento de cana de açúcar, na cidade de Orindiuva, no estado de São Paulo. Desse modo, teve acesso ao açúcar a baixo custo. Ela ainda estabeleceu acordo com a empresa Unilever.


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