Nova tempestade dificulta ajuda nas Filipinas, diz brasileira da Cruz Vermelha

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MARCELO NINIO - FOLHA DE SP
ENVIADO ESPECIAL A CEBU (FILIPINAS)

Enquanto as autoridades filipinas ainda contam as vítimas na passagem do supertufão Haiyan, que pode ter matado mais de 10 mil pessoas, a chegada de uma nova tempestade ameaça a ajuda aos sobreviventes.

A brasileira Graziella Piccolo, número dois da Cruz Vermelha nas Filipinas, disse à Folha que 11 caminhões da organização com suprimentos de emergência estão em trânsito mas ainda não conseguiram chegar às áreas mais afetadas.

"O maior desafio é alcançar as pessoas que estão em áreas longínquas, porque estradas e pontes foram danificadas. O mau tempo dificulta ainda mais", disse ela.

A previsão é que a nova tempestade, batizada de Zoraida, chegue entre terça e quarta-feira à costa leste do país, seguindo o mesmo percurso do tufão Hayan.

Apesar de bem mais fraca, a tempestade poderá levar grandes quantidades de chuva, agravando o drama dos desabrigados.

Segundo o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, o número de pessoas afetadas pela passagem do tufão chega a 9 milhões, quase 10% da população das Filipinas.

Uma das principais preocupações é com a segurança, já que a falta de suprimentos e a ausência de policiais em quantidade suficiente levou a uma onda de saques nas áreas devastadas.

Para diminuir o risco de ataques, a Cruz Vermelha enviou os caminhões com a ajuda humanitária sem identificá-los com o símbolo da organização, disse Graziella. Nesta segunda-feira, mais lojas foram saqueadas em Tacloban, a cidade mais devastada pelo tufão.

Outro problema é o colapso das comunicações. Telefones funcionam de forma errática. Por isso, o carregamento enviado pela Cruz Vermelha também inclui telefones por satélite.

"Nosso escritório em Tacloban foi inutilizado e tivemos colegas da Cruz Vermelha afetados, o tufão não escolhe as vítimas. Estamos ainda operando de forma improvisada e a comunicação é muito difícil", contou Graziella, que está desde 2011 nas Filipinas.

O Exército confirmou até agora 942 mortes, mas estima-se que o número seja muito maior.

Com base em relatos de autoridades locais, Dominic Petilla, governador de Leyte, a ilha mais atingida, calculou no domingo que o tufão tenha deixado 10 mil mortos, a maioria por afogamento e desabamentos.

Na cidade de Cebu, capital da ilha do mesmo nome, que fica em frente a Leyte, a situação é de normalidade. O vôo de Hong Kong que a reportagem da Folha utilizou para chegar à ilha estava lotado, e os turistas não pareciam preocupados com a catástrofe ocorrida há poucos dias na região. Segundo a imprensa local, o tufão Hayan deixou pelo menos 49 mortos em Cebu.

O último boletim meteorológico indica que a tempestade Zoraida está a 634 quilômetros a sudeste da localidade de Hinatuan, com ventos de 55 km/h. O tufão Hayan, conhecido nas Filipinas como Yolanda, chegou a ter ventos de 315 km por hora.

Editoria de Arte/Folhapress



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