Famílias se sentem impotentes diante do temporal contínuo

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Já foram enviadas 470 toneladas de alimentos doados para as cidades capixabas alagadas


Carla Sá | O Globo

VITÓRIA - Há quase uma semana ilhados, os moradores das margens do Canal Guaranhuns, em Vila Velha, na Grande Vitória, vivem um grande aperto. Com a chuva contínua, a água do valão não para de subir e já invadiu completamente as casas. A família da técnica de enfermagem Ramona Pereira fez um arranjo numa parte mais alta da varanda, onde pôs um sofá, uma cadeira e o carrinho de bebê de sua sobrinha de 1 mês, Gabriely.

Ramona diz que a casa é a mais alta da rua e ainda não tinha sido tomada pela inundação. Na última quinta-feira, quando a água começou a subir pelo vaso do banheiro. Na tentativa de conter a inundação, a família fez um muro de arrimo na parte baixa, sem sucesso.

— Não temos mais para onde ir, tem água entrando de todos os lados. No andar de cima não dá para ficar, pois o reboco está caindo — conta Ramona. Para piorar a situação, há um grande alagamento no terreno ao lado, que ameaça a casa.

— Estamos vendo a hora em que irá transbordar para cá — diz Ramona, preocupada.

A esperança da família é o caminhão do Exército que está ajudando no resgate às famílias e passou do outro lado do valão. A família chamou, mas o resgate foi embora e não retornou. Até ontem à noite, Ramona, Gabriely e os outros continuavam ilhados.

Em outro bairro de Vila Velha, O Jardim Marilândia, a cheia do Rio Marinho está deixando a água na altura da cintura. O vendedor Geraldo César construiu uma barreira de tijolos na porta de casa para evitar que a inundação continue.


— Estou fazendo uma barragem para diminuir um pouco nosso sofrimento — diz ele, já com os cômodos alagados.

A população capixaba está sensibilizada com a situação. Já foram enviadas 470 toneladas de alimentos para os locais afetados. Só na Praça do Papa, em Vitória, principal ponto de coleta, estão trabalhando mais de 700 voluntários. Foram doados 18,2 mil litros de água e 1.520 cestas básicas completas, além de 2.577 colchões.

—É hora de cada um fazer a sua parte. Eu e minha irmã viremos aqui todos os dias — disse o empresário José Luís Fiorese.

Em Vila Velha, o Ginásio Tartarugão está recebendo as doações.

(*Da agência A Gazeta)


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