Previsão feita pela companhia de água é para cenário de chuva escassa.
Volume acumulado no Cantareira chegou a 24,6% nesta terça-feira (3).
Do G1 São Paulo
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) anunciou nesta terça-feira (3) que a água dos reservatórios do Sistema Cantareira pode acabar no dia 27 de outubro. A informação foi divulgada por meio de um comunicado do grupo técnico responsável por acompanhar a crise no Cantareira, que abastece mais de 8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e enfrenta falta de chuvas desde dezembro. Segundo a companhia, a hipótese vale para o cenário em que a entrada de água no sistema seja igual ou menor a 50% das mínimas históricas já registradas.
Situação do Sistema Cantareira é avaliada por comitê anticrise (Foto: Denny Cesare/ Estadão Conteúdo)
Nesta terça-feira, o volume acumulado do Cantareira chegou a 24,6%, após um dia com 0,4 milímetro de chuva. Desse total, 18,5% vêm do fundo dos reservatórios, o chamado "volume morto", que começou a ser usado em 15 de maio.
Para que a água do Cantareira se mantenha disponível à população até 30 de novembro, data inicial projetada para durar a reserva do volume morto, seriam necessários outros 51 milhões de metros cúbicos. Esse dado também é do comitê anticrise, chamado de Grupo Técnico de Assessoramento para gestão do Sistema Cantareira (GTAG) e formado por representantes da Sabesp, do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Comitê PCJ) e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT). O grupo foi criado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) de São Paulo.
Apesar disso, a Sabesp disse na nota que esse "volume é suficiente para o abastecimento até março de 2015, no ponto alto do período das chuvas", e que a previsão do comitê para outubro ocorreu utilizando as projeções mais pessimistas. Esse cenário desfavorável considera afluências (entrada de água) de 25% a 50% do total das mínimas históricas.
Redução na vazão
Além do dado sobre uma possível seca em outubro, o comunicado mostrou uma hipotética solução da Sabesp para as recomendações feitas pelo comitê em comunicado anterior. Nele, o grupo técnico pediu à companhia que considerasse um "cenário mais desfavorável" ao realizar planos de extração de água dos reservatórios.
Na ocasião, a Sabesp informou que pretendia retirar dos quatro principais reservatórios do Cantareira uma média de 22,2 mil litros por segundo entre junho e novembro. Agora, no novo cenário, a companhia disse que passaria a retirar em média 21,2 mil litros por segundo até novembro.
Porém, em nota, a Sabesp respondeu que "mantém as suas projeções inicialmente apresentadas" e que o comitê "obrigou a companhia a apresentar projeções muito mais pessimistas, que seriam 50% e 75% inferiores à mínima histórica". A companhia destacou também que "trata-se de mera recomendação do GTAG que será ainda avaliada".
A redução da retirada de água das represas do Sistema Cantareira vem sendo adotada desde o início do ano. No dia 13 de março, a vazão captada passou de 33 metros cúbicos por segundo para 27,9 metros cúbicos por segundo, por determinação da ANA.