Sete foram indiciados por homicídio qualificado com dolo eventual
Diário do Poder
A Polícia Civil de Minas Gerais pediu nesta terça-feira, 23, a prisão preventiva do ex-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, do ex-diretor de operações da empresa Kléber Terra e de cinco gerentes da mineradora e da VogBr, que prestava serviço para a companhia, pela queda da barragem da mineradora em Mariana.
(Foto: Márcio Fernandes/Estadão Conteúdo) |
Todos foram indiciados por homicídio qualificado com dolo eventual das 19 pessoas que morreram na tragédia - 17 corpos foram localizados e 2 continuam desaparecidos. Para homicídio doloso, a pena varia de seis a 20 anos de prisão, por morte.
Eles também foram indiciados pelos crimes de inundação com dolo eventual, com pena de 3 a 6 anos de prisão e multa; e crime de poluição de agua potável, com pena de 2 a 5 anos de prisão.
O perito Otávio Guerra explica que a barragem tinha material argiloso no fundo e, por cima, material arenoso. Esta estrutura facilitava a drenagem. Mas, depois, o rejeito passou a ser depositado em material mais fino, o que causou o aumento a água dentro da barragem e dificultava a drenagem. “O fluxo de água e lama foi tão intenso que deflagrou o processo de liquefação. Toda a estrutura entrou em colapso”, disse Guerra.
A perícia realizada pela Polícia Civil apontou que nos dois lados da barragem havia um grande acúmulo de água ao invés de lama, mostrando que a drenagem era ineficaz.
"É como se o aumento do eixo (da barragem) fosse construído em cima de uma gelatina", disse o delegado Rodrigo Bustamante, sobre o alteamento da barragem. O aumento de Fundão não foi comunicado ao órgão fiscalizador, segundo ele. "Nós temos que responsabilizar e individualizar essas condutas no contexto de quem tem o poder decisório", afirmou.
O delegado informou que o crime ambiental em si e as validades das licenças da Samarco serão analisadas em um segundo inquérito.
A Justiça ainda não se posicionou sobre o pedido.