Gravação mostra dupla combinando depoimento em caso da Samarco

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Áudio integra investigação da Polícia Federal sobre rompimento.

Barragem de Fundão "era doente", diz Polícia Federal após inquérito.


Rodrigo Rezende, Bruno Dalvi e Mário Bonella | G1 ES e da TV Gazeta


Um dos áudios que integram o inquérito sobre o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, Minas Gerais, mostra, segundo a Polícia Federal, dois funcionários da Vog BR, que foi contratada pela mineradora para avaliar a estrutura da barragem de Fundão, combinando como deveria ser o depoimento na investigação do acidente.




Depois, eles dizem como acham que a investigação vai terminar.

Otávio - a cara eu acho que não vai dar nada isso não.

Samuel - no máximo o que vai acontecer é que vocês vão ter que pagar uma multa bem cara para me tirar da cadeia

Otávio - a ta doido rapaz que cadeia o caralho....kkk

Para a PF, a direção da Samarco sabia das falhas na barragem de Fundão. É o que mostram as trocas de e-mails e ligações anexadas ao inquérito da polícia, que trazem conversas entre gestores da mineradora desde 2012. E o resultado das investigações foi apresentado em uma coletiva, nesta quarta-feira (22), no Espírito Santo.

De acordo com a polícia, as mensagens foram compartilhadas em e-mails e no sistema de comunicação interno da empresa. Nas conversas, diretores comentam sobre trincas na estrutura e que, se houvesse uma ruptura, a comunidade de Bento Rodrigues poderia ser atingida.

Samarco

 
A Samarco foi procurada pelo G1 e disse que "repudia qualquer alegação de conhecimento prévio de risco de ruptura na Barragem de Fundão. A empresa informa ainda que continuará prestando todos os esclarecimentos devidos nos autos do processo", diz a nota.

Desastre

 
A barragem de Fundão se rompeu no dia 5 de novembro de 2015, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Os rejeitos atingiram mais de 40 cidades na Região Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. A lama percorreu o Rio Doce até a foz e o desastre ambiental, que deixou 19 mortos, é considerado o maior do Brasil.

Pós-desastre

 
A Polícia Federal afirma que a barragem da Samarco que rompeu em Mariana, em Minas Gerais, era uma barragem "doente", porque sempre apresentou falhas. O inquérito da PF aponta que o “monitoramento de Fundão funcionava com equipamento defeituoso, que o plano de emergência não tinha eficácia e que houve deficiência no sistema de drenagem interno da barragem”, entre outras falhas.

A polícia continuou monitorando a comunicação de funcionários da Samarco, mesmo depois que a barragem rompeu. Tudo isso está no inquérito que já foi encaminhado para o Ministério Público.

De acordo com a Polícia Federal, esse monitoramento revela falhas na construção e na segurança da barragem.

Conversas

 
No dia 18 de novembro de 2015, um e-mail entre o diretor de operações Kleber Terra e o gerente geral de projetos Germano Lopes tem como assunto o piezômetro, equipamento usado para monitorar a estabilidade da barragem.

Está escrito na mensagem: "estavam offline no dia os piezômetros de Fundão, Sela, Tulipa e Selinha em função de problemas de comunicação".

A polícia também gravou conversas telefônicas de funcionários da empresa falando sobre o equipamento.

Piezômetro

 
Wanderson - você lembra de um equipamento, um piezômetro tá mais afastado? lá nesse patamar ali, tá mais afastado...nós instalamos mais um instrumento lá?

Léo - a gente colocou um instrumento lá Wanderson, porque não sei se você lembra, quando começou observações do dreno, a gente estava suspeitando deeee daquele piezômetro 7 que estava com índice ehhh um pouco elevado, a gente estava duvidando da consistência dele...

Wanderson - onde que está essas leituras? nós não analisamos ele hora nenhuma porque nem sabia que ele existia.

Nomes citados

 
Segundo o inquérito, Wanderson Silvério Silva é coordenador técnico de planejamento e monitoramento da empresa Samarco; Léo seria Leonardo Martins Agripino, engenheiro de processos responsável por estabelecer rotina de serviço para as barragens Santarém, Germano e Fundão; Otávio é, provavelmente, Othavio Afonso Marchi, sócio da empresa VogBR que prestou serviço para fazer a declaração de estabilidade da barragem fundão de 2013 a 2015.



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