'Parecia que tinha batido um carro na parede', diz morador. Sistema automático da USP detectou de maneira errônea outro abalo sísmico em São Jerônimo da Serra, no norte do Paraná, segundo a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR)
Por Adriana Justi e Luiza Vaz | G1 PR e RPC, Curitiba
O tremor de terra que foi sentido em cidades do Paraná, na madrugada desta segunda-feira (18), teve o seu epicentro na região de Itaperuçu e Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. O abalo sísmico teve 3.5 graus de magnitude e profundidade superficial.
Tremor teve epicentro em Itaperuçu e Rio Branco do Sul (Foto: Luiz Vaz/ RPC) |
As informações foram confirmadas ao G1 pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que é responsável por mais de 80 estações sismológicas instaladas no país, inclusive o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). Veja a nota no final da reportagem.
O susto foi grande para alguns moradores de Rio Branco do Sul.
"Eu cheguei da pizzaria, que eu saí com meus amigos, tomei um banho e deitei. Quando eu deitei, parecia que tinha batido um carro na parede, não sei. Tremeu toda a casa. Saí, os vizinhos estavam na rua perguntando. Foi algo bem assustador", afirmou a vendedora Fernanda Aparecida dos Santos Sanches.
Ela ainda disse que, na casa dela, nada estragou com o tremor. "Foi algo bem diferente, bem louco", contou.
Fidélis Tosto também se espantou com o ocorrido. Ele relatou ter ouvido o estrondo por volta da 0h20.
"Eu senti um susto, porque pra mim foi uma casa que caiu ou banco que tinham estourado ali, daí acalmou tudo. Fiquei me batendo na cama sozinho", disse Fidélis Tosto.
“Foi do nada, foi de repente. A gente estava assistindo televisão e, daqui a pouco, deu um tremor, um estrondo, um estouro. Eu achei que era normal porque aqui tem pedreira, né. Mas, no fim, a gente viu que era um terremoto mesmo”, afirmou o vendedor Rafael Ricardo.
Primeiras informações
Inicialmente, o Centro da USP detectou que um segundo abalo tinha sido registrado em São Jerônimo da Serra, na região norte do estado. Horas depois, o fenômeno foi descartado pela USP, que justificou um erro no sistema, que estava operando de maneira automática.
"Na verdade, aconteceu um evento, que foi na região de Rio Branco do Sul e Itaperuçu, que são cidades que ficam uma do lado da outra. O sistema localizou inicialmente um tremor, e dois minutos depois ele [o sistema] achou que tinha ocorrido outro porque as ondas desse tremor tem uma certa duração, e o sistema achou que pudesse ter acontecido o segundo", explicou o professor de geofísica Marcelo Bianchi.
Em uma análise posterior manual, acrescentou Marcelo, foi possível perceber um único abalo sísmico.
Entre as cidades onde os moradores relataram ter sentido o tremor estão Castro, Curitiba e Rio Negrinho.
Apesar dos registros, nenhum atendimento foi registrado entre a noite de domingo (17) e a madrugada desta segunda, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil informou que não houve chamados para atender ocorrências, apenas pessoas ligando por curiosidade, para saber o que aconteceu. O agente da Defesa Civil Eduardo Bomfim disse que, até o momento, não há registros de estragos nem de feridos.
O professor de geologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) José Paulo Pinese disse que as primeiras informações dão conta de os tremores ocorreram em virtude de uma nova movimentação da crosta terrestre no local.
Veja a íntegra da nota divulgada pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR)
"Os dados da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) são transmitidos em tempo real para as instituições parceiras. Os próprios são submetidos por processos de filtragem automáticos que definem um epicentro e uma magnitude preliminar para o evento sísmico. A partir da definição preliminar, inicia-se o processo de análise manual do evento sísmico, possibilitando a melhor identificação da chegada das ondas sísmicas e corrigindo a marcação destas.
Após a análise manual dos dados transmitidos pelas estações sismográficas da RSBR, identificou-se apenas um tremor de terra de magnitude 3.5mR, no município de Itaperuçu (PR)", afirma o pesquisador em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Marcos Ferreira, integrante da RSBR".