Agronegócio precisa conciliar sua relação com a natureza, diz especialista

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Enquanto os países onde a democracia é mais madura investem em alternativas aos agrotóxicos, o Brasil segue uma lógica "míope". A avaliação é do professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Victor Pelaez. Ele acredita que a agricultura nacional precisa conciliar sua relação com o meio ambiente.


Thales Schmidt | Sputnik


O Brasil movimenta um mercado bilionário destes produtos agroquímicos. Em 2016, as empresas do setor venderam US$ 9,56 bilhões em agrotóxicos, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG).

Soja
Fabio Scremin/ APPA (Arquivo)

Muitos destes produtos, contudo, estão proibidos na União Europeia. Dos 504 agrotóxicos registrados no Brasil, 149 estão proibidos na União Europeia — segundo levantamento da professora da USP Larissa Bombardi.

Outra prática comum em terras brasileiras é a pulverização aérea de agrotóxicos com pequenos aviões. Este modelo de aplicação é proibido no bloco europeu desde 2009, com exceção de poucos casos pré-estabelecidos. A prática foi regulada porque os agrotóxicos podem se deslocar por quilômetros e contaminar o leito de rios ou locais que ficam distantes das plantações, é a chamada "deriva".

Pelaez acredita que o que está em jogo no momento é "ir além do modelo agrícola atual, que é uma produção em grande escala com uso intensivo de insumos químicos". Ele acredita que o setor deve ser regulado pela ação do Estado, que pode induzir o uso e o desenvolvimento de produtos menos agressivos ao meio ambiente, como os biopesticidas.

"Essa é uma tendência nos países desenvolvidos onde a democracia é mais importante, a preocupação com o meio ambiente e a saúde humana é mais importante", diz Pelaez à Sputnik Brasil. "Enquanto não trouxermos essa agenda para o Brasil, estaremos no atraso."

O professor da UFPR ressalta que a União Europeia já apresenta barreiras aos produtos brasileiros que contêm resíduos de agrotóxicos — e as autoridades nacionais pouco fazem para superar isso.

"Não há uma estratégia do Brasil de se pensar no longo prazo. Temos uma posição míope dos produtores agrícolas e do próprio Ministério da Agricultura, de não considerar que agricultura e meio ambiente não são lados opostos. São uma síntese, não uma antítese."

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