Em comunicado conjunto, especialistas em direitos humanos citam relatos de exploração, engano e exposição à radiação; avaliação ocorre sete anos após o acidente com a usina nuclear após terremoto e tsunami, no Japão.
ONU
Um grupo de relatores de direitos humanos independentes pediu ao Japão que examine com urgência a situação de dezenas de milhares de trabalhadores, que estão realizando a limpeza da usina nuclear de Fukushima Daiichi após o acidente de 2011.
Escombros da usina nuclear de Fukushima-Daichi após o terremoto e tsunami no Japão. Foto: Aiea/Gill Tudor |
No comunicado, assinado por três especialistas, em Genebra, eles afirmam que a exposição à radiação continua sendo um grande risco para esses trabalhadores que estão sob risco de serem explorados e enganados. Muitos deles são migrantes, mulheres, pessoas com deficiência e idosas.
Impacto
Entre as preocupações citadas estão riscos de exposição à radiação, a possível coerção para aceitar condições de trabalho perigosas pelas dificuldades econômicas e medidas de treinamento e proteção com impacto na saúde física e mental.
A avaliação ocorre sete anos após o colapso da usina nuclear, causado por um terremoto em Fukushima, que foi seguido de um tsunami, em 11 de março de 2011.
A nota aponta para dezenas de milhares de trabalhadores recrutados no período como parte de um programa de descontaminação.
Substâncias tóxicas
Dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão apontam que 46.386 trabalhadores estavam empregados em 2016. Mas o Centro de Registro Central do Serviço de Radiação do Japão indica que até esse ano pelo menos 76.95 pessoas foram contratadas para a descontaminação.
Os relatores indicam que pessoas em maior risco de exposição a substâncias tóxicas são as que são vulneráveis à exploração incluindo pobres, crianças, mulheres, migrantes, pessoas com deficiência e trabalhadores de idade avançada.
Os peritos destacam inúmeros abusos de direitos humanos que incluem obrigação de os trabalhadores optarem pela sua saúde ou pagamento, numa situação “invisível para a maioria dos consumidores e decisores políticos” que podem mudar esse cenário.
Os relatores disseram estar disponíveis a aconselhar as autoridades japonesas e que é preciso reforçar as medidas de proteção para melhor lidar com a exposição desses trabalhadores à radiação tóxica.
*Os relatores de direitos humanos da ONU são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pela sua atuação.
O comunicado foi firmado pelos relatores: Baskut Tuncak, Urmila Bhoola e Dainius Puras.