Brasileiro conta que passeio com crianças refugiadas foi cancelado após erupção do vulcão Etna, na Itália

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Gabriel Bernardo da Silva, de 29 anos, é voluntário da Cruz Vermelha e trabalha com crianças e adolescentes que chegam na Itália desacompanhadas. Atividade do vulcão causou tremores nesta segunda-feira (24).


Por Aline Pavaneli | G1 PR — Londrina

Um voluntário brasileiro que atua em Siracusa, na ilha da Sicília, sul da Itália, contou que um passeio que seria realizado nesta terça-feira (25), dia de Natal, com crianças e adolescentes refugiados, foi cancelado após o vulcão Etna entrar em erupção, nesta segunda-feira (24).

Foto tirada por Gabriel mostra a fumaça saindo do vulcão Etna, ainda pela manhã — Foto: Gabriel Bernardo da Silva/Arquivo pessoal
Foto tirada por Gabriel mostra a fumaça saindo do vulcão Etna, ainda pela manhã — Foto: Gabriel Bernardo da Silva/Arquivo pessoal

A atividade do vulcão, com explosões e emissão de gases, provocou mais de 130 abalos sísmicos, o maior de magnitude 4 na escala Richter, segundo o Instituto Nacional de Vulcanologia de Catânia (INGV). A falta de visibilidade causada pelas cinzas impediu a confirmação de que houve lançamento de lava.

Gabriel Bernardo da Silva, de 29 anos, é voluntário de salvamento da Cruz Vermelha e diretor de um centro social para a integração de crianças, adolescentes e jovens refugiados que chegam à Itália desacompanhados. Ele nasceu em Guarulhos (SP), mas, desde criança, morou em Londrina, no norte do Paraná, onde a família dele ainda reside. Gabriel conversou com o G1 por telefone.

Para esta terça-feira, ele e outros voluntários tinham alugado um ônibus para levar cerca de 25 refugiados – que fugiram de diferentes regiões e pelos mais diversos motivos do continente Africano e da Ásia – para um passeio no vulcão Etna, onde muitos veriam a neve pela primeira vez na vida.

“Até uns 2 mil metros você consegue subir de carro e de ônibus, tem um estacionamento e ali já tem neve”, contou Gabriel.

Gabriel explicou que Siracusa, onde está há dois anos, fica a 40 km do vulcão. Esta foi a segunda erupção que o voluntário presenciou.

Ele disse que a experiência de viver perto de um vulcão impressiona muito, porque é algo que não estamos acostumados a ver no Brasil. Para ele, ver a erupção nesta segunda foi um pouco assustador.

“No ano passado, tinha a erupção, mas foi pelas crateras que já existiam – se não me engano são três bocas no topo – mas, dessa vez parece que abriu uma cratera nova”, relatou.

Em 2017, após a primeira erupção que presenciou, subiu o vulcão e a neve misturada com as rochas vulcâncias chamou muito a atenção dele. “É muito bonito lá de cima”, lembrou.

Na manhã desta segunda, quando estava realizando atividades no andar térreo do prédio onde trabalha, disse que não chegou a sentir os tremores.

“A gente percebeu porque você sente o ar um pouco mais carregado por causa da fumaça”, disse.

Além disso, muitas pessoas começaram a divulgar imagens em redes sociais. Depois, ele seguiu até um ponto onde tinha acesso visual ao vulcão e registrou a fumaça saindo em fotos e vídeo.

Com o cancelamento do passeio no Dia do Natal, o grupo de voluntários vai fazer uma reunião para avaliar uma nova atividade, pensando na diversidade cultural e religiosa do grupo de refugiados.

O brasileiro também relatou que, por volta das 19h30 (16h30 do horário de Brasília), ele recebeu um aviso em um grupo de mensagens da Cruz Vermelha, pedindo para que os voluntários fiquem de sobreaviso em caso de alguma emergência na região.

No entanto, Gabriel disse que, por enquanto, não existe risco nenhum para os moradores.

Aeroporto de Catânia

Devido à erupção, o aeroporto de Catânia permaneceu fechado até as 14h locais (11h em Brasília) e depois abriu com a limitação de apenas quatro aterrisagens por hora.

Uma unidade de crise do aeroporto foi convocada esta tarde para dar mais informações aos passageiros e às companhias aéreas.

Vulcão de 3,3 mil metros

O Etna, com 3,3 mil metros, é o vulcão mais ativo da Europa, com erupções frequentes, conhecidas há pelo menos 2.700 anos. Sua última fase eruptiva foi na primavera de 2017 e a última grande erupção, no inverno de 2008 para 2009.

No fim de março, um estudo publicado na revista Bulletin of Volcanology revelou que o Etna desliza muito lentamente na direção do mediterrâneo, a um ritmo constante de 14 milímetros por ano.


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