Os americanos sofrerão esta semana a mais intensa onda de frio "das últimas décadas", alertam os meteorologistas.
BBC News Brasil
Estas condições extremas, causadas por uma massa de ar gelado em rotação conhecida como vórtice polar, podem fazer a temperatura chegar a -53°C.
Prevê-se que dezenas de milhões de pessoas experimentem temperaturas abaixo de zero | GETTY IMAGES |
A previsão é que dezenas de milhões de pessoas experimentem temperaturas abaixo de zero.
Os estados de Wisconsin, Michigan e Illinois, no Centro-Oeste, bem como o Alabama e o Mississippi, no sul, normalmente mais quentes, declararam estado de emergência.
Autoridades do estado de Iowa têm pedido à população que "evite respirar fundo e minimize conversas" na rua.
Os meteorologistas preveem que em Chicago, no estado de Illinois, a sensação de frio será mais aguda que no Everest e na Antártida.
A cidade poderia experimentar um mínimo de -32 ºC, com ventos gelados que dariam sensação térmica de -45ºC, segundo as autoridades.
"Eu diria que a intensidade deste ar frio é única nas últimas décadas", disse John Gagan, especialista do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA (NWS, na sigla em inglês).
O NWS alerta que existe a possibilidade de uma pessoa congelar em menos de 10 minutos se sair ao ar livre em circunstâncias tão extremas.
A expectativa é que as temperaturas mais frias sejam registradas entre esta terça e a quinta-feira.
Aquecimento global?
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, questiona a existência de mudanças climáticas e na segunda-feira aproveitou a onda polar para retomar esse ponto.
"No belo centro-oeste, as temperaturas do vento estão atingindo -60 °C, o maior frio já registrado. Nos próximos dias, espera-se que fique ainda mais frio. As pessoas não podem ficar do lado de fora nem por alguns minutos. Que diabos está acontecendo com o aquecimento global? Por favor, volte logo, precisamos de você!", tuitou o presidente.
Mas a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês), do próprio governo, publicou o que foi amplamente interpretado como uma contestação ao que Trump disse.
"Tempestades de inverno não provam que o aquecimento global não está acontecendo", tuitou o órgão na terça-feira.
Os meteorologistas atribuem essa corrente fria a um aquecimento repentino no Polo Norte, causado por uma rajada de ar quente originada no Marrocos em dezembro.
Esse sistema climático dividiu o vórtice polar e o levou a se deslocar para o sul, disse Judah Cohen, especialista em tempestades de inverno da organização Environmental Atmospheric Research.
"O fato de o ar frio do Ártico estar se movendo em direção aos EUA não significa que o planeta está esquentando como um todo", disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Derek Arndt, chefe de monitoramento climático da NOAA na Carolina do Norte.
O vórtice polar, aliás, "é um evento local e o centro-oeste dos Estados Unidos ocupa uma parte muito pequena do planeta", acrescentou.
"Enquanto nós experimentamos esta estação fria em partes dos EUA e Canadá, o resto do planeta está quente e vê-se que, na média, o planeta continua aquecendo", disse Arndt.
Os principais cientistas do mundo argumentam que as mudanças climáticas são principalmente induzidas pelo homem e podem levar a invernos mais duros.
Qual tem sido o impacto desta temporada de frio?
Mais de 1.100 voos com origem ou destino aos Estados Unidos foram cancelados na terça-feira, incluindo alguns em Atlanta, no Estado da Geórgia, onde o campeonato de futebol americano Super Bowl - considerado um dos maiores eventos esportivos do mundo - será realizado no domingo.
No meio-oeste, milhares de escolas e empresas fecharam, assim como várias agências governamentais.
Dezenas de albergues foram abertos em cidades americanas para abrigar a população.