Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) coordena mapeamento da Amazônia por terra e por ar. Equipamento gera imagens em três dimensões com alta precisão.
Por Jornal Nacional
Cientistas brasileiros estão fazendo um mapeamento detalhadíssimo da Amazônia por terra e pelo ar para avaliar o papel da floresta no clima do planeta. O repórter Fabiano Villela mostra o que os pesquisadores já descobriram no Pará.
Pesquisadores fazem monitoramento da Amazônia para avaliar impactos do desmatamento |
Já pensou em conhecer a maior floresta tropical do planeta da cabeça aos pés? O desafio começa em um pequeno avião, onde o passageiro é uma supermáquina: o computador vai na parte de trás, embaixo uma lente que o técnico controla por meio de um monitor. Durante o voo, o sensor dispara mais de cem mil feixes de laser por segundo sobre a floresta, gerando imagens em três dimensões com alta precisão.
É uma espécie de tomografia da Amazônia. Nos laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que coordena o projeto, é possível notar a diferença do sensor em relação a outros métodos de captura de dados.
“Isso aqui é uma imagem de satélite, do espectro visível, que mostra um rio. Basicamente a gente tem um curso d'água correndo do Sul para o Norte e toda uma área verde. Só que, quando a gente analisa isso usando outros tipos de imagens de satélite, a gente vê que, na realidade, ali não é só uma área verde. A gente vai ver que só tem floresta e, na realidade, não é só isso”, explicou o analista de dados do Inpe Mauro Assis.
A principal vantagem desse tipo de mapeamento é que ele é capaz de reproduzir imagens de todos os ângulos. Além da copa das árvores, o equipamento também registra o tamanho das folhas, dos galhos, dos troncos e até mesmo o relevo do solo. Essa base de dados gigantesca permite aos pesquisadores calcular a biomassa da Floresta Amazônica, ou seja, quanto pesa toda essa vegetação.
São 80 bilhões de toneladas. Metade de todo esse material existente na floresta é carbono, que as árvores absorvem para se desenvolver. Com o corte da mata, esse carbono é liberado e se transforma em dióxido de carbono, o CO2. O gás forma uma espécie de cobertura no globo terrestre e provoca o aquecimento do planeta.
“Quando a gente queima madeira, a gente sabe que sobra um carvãozinho, e o resto vai como calor e como fumaça, então isso leva CO2 para a atmosfera. Então, o mapa que a gente fez contribui, e muito, numa estimativa melhor de quanto, por exemplo, o Brasil emite quando desmata a Amazônia”, avaliou Jean Ometto, coordenador de pesquisa do Inpe.
“No caso do Brasil, 42% de toda a poluição que é causada, que pode influenciar o clima, é por causa do desmatamento. É o dobro de que todo o setor de energia, que inclui queimar combustível fóssil, os veículos que usam combustível, e é nove vezes a todo o setor industrial, a todas as indústrias do Brasil”, afirmou Paulo Barreto, pesquisador do Imazon.
A última estimativa de desmatamento da Amazônia feita pelo Inpe indica que houve uma perda de 7.900 quilômetros quadrados de floresta entre agosto de 2017 e julho de 2018. Isso é cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo e foi a taxa mais alta desde 2008.
Pedro Henrique de Morais, operador técnico, é testemunha de problemas como esse. Ele acompanhou a maioria dos mil voos realizados para produzir as imagens em três dimensões. Mesmo diante das ameaças, o que mais me impressionou foi a beleza da floresta.
“A gente vê que o país da gente é muito rico. É lindo. Os lugares são lindos. Os rios são enormes, parece que é mar. Eu amo esse lugar", disse o operador técnico.
Hydro+ (900g) 4 Plus Nutrition - Cacau - Four plus |