Cientistas buscam novas formas de prever riscos climáticos

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Cientistas estão tentando melhorar as previsões sobre o impacto do aquecimento global neste século reunindo estimativas sobre o risco de inundações ou de desertificação.

"Temos certeza sobre alguns dos aspectos da futura mudança climática, como o de que vai ficar mais quente", disse Matthew Collins, do Met Office (Departamento Britânico de Meteorologia). "Mas muitos dos detalhes são difíceis de dizer", acrescentou.

"A forma como podemos lidar com isso é uma nova técnica de expressar as previsões em termos de probabilidades", disse Collins à Reuters, referindo-se à pesquisa climática publicada na revista Philosophical Transactions, da Real Sociedade britânica.

Os cientistas do painel climático da ONU, por exemplo, usam complexos modelos informatizados para prever o impacto do aquecimento neste século, em quesitos como precipitação pluviométrica na África ou elevação no nível dos mares.

Mas esses modelos têm falhas devido à falta de compreensão sobre a formação das nuvens ou a reação do gelo antártico ao aquecimento, por exemplo. Além disso, os registros de temperatura na maioria dos países remontam a apenas 150 anos.

Sob as novas técnicas, "as previsões de diferentes modelos são somados para produzir estimativas da futura mudança climática, junto com suas incertezas associadas", disse a Real Sociedade em nota.

A abordagem pode ajudar na quantificação de riscos para uma construtora que faça casas num vale inundável ou uma seguradora, por exemplo.

Collins disse também que as incertezas incluem como os desastres naturais afetam o clima. Uma erupção vulcânica, como a do monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, pode temporariamente resfriar a Terra, porque a poeira bloqueia a luz solar. "A ciência climática é uma ciência muito nova, e mal começamos a explorar as incertezas", disse David Stainforth, da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha), que contribuiu com a pesquisa da Real Sociedade.

"Devemos esperar que a incerteza aumente em vez de diminuir", afirmou ele, referindo-se às pesquisas dos próximos anos e acrescentando que isso complica a precisão no estabelecimento de probabilidades.

Por exemplo, arquitetos que projetam escolas na Europa querem saber se haverá mais ondas de calor, como a de 2003, quando as crianças chegaram a ser proibidas de brincar nos pátios devido ao risco de queimaduras e câncer de pele. De posse dessa previsão, os arquitetos poderiam projetar escolas com mais áreas sombreadas para brincar.

"Mas pode ser o caso de que temperaturas mais altas signifiquem mais nuvens, então não haveria o risco de câncer de pele. Fatores alheios à temperatura são os mais difíceis de prever", explicou Stainforth à Reuters. (Estadão Online)

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