Lula é cobrado por ambientalistas

0

Presidente afirmou que pretende ir à Conferência do Clima, em dezembro, na Dinamarca, mas cobrou também a presença e o compromisso dos países ricos

Wilfred Gadêlha - Enviado especial - Jornal do Commércio

ESTOCOLMO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com ironia a mais uma cobrança do Greenpeace por uma proposta de zerar o desmatamento no Brasil até 2020: "Nem se o Brasil fosse careca, nós poderíamos desmatar 0%". A declaração se deu após manifestação pacífica e quase silenciosa dos ambientalistas, que ergueram faixas com os dizeres "Lula, você levou as Olimpíadas, agora salve o clima" e "Lula, vá a Copenhague", na chegada do presidente à sede do governo sueco, no Palácio Rosenbad, em Estocolmo, onde aconteceu ontem a 3ª Cúpula Brasil-União Europeia (UE).

Os ativistas acreditam que a presença de Lula na Conferência do Clima na capital dinamarquesa, em dezembro, é essencial para que os demais líderes mundiais se comprometam a aumentar suas propostas para a redução da emissão de CO2. Cerca de dez ambientalistas foram impedidos pela polícia sueca de se aproximar do líder brasileiro, mas chegaram a mostrar as faixas e cartazes simulando uma passagem Brasília-Copenhague. E Lula até acenou para os manifestantes.

"Nossa meta é até 2017 reduzir o desmatamento em até 70% e, até 2020, 80%. Não dá para não desmatar 0%. Sempre vai ter alguém cortando", salientou, voltando a dizer que 2009 terá o menor percentual de desmatamento em 20 anos.

Lula disse ainda que é preciso que haja um sistema unificado de verificação de emissões de CO2. "Cada um diz uma coisa. Não podemos ficar discutindo isso de maneira genérica. Precisamos saber de verdade o quanto cada país emite, de Guiné-Bissau, que praticamente não emite nada, aos EUA, do Brasil à Suécia, França, Argentina e Alemanha", afirmou.

Defendendo a posição brasileira, fez questão de enumerar dados: "Quarenta por cento da nossa matriz energética são limpos. No resto do mundo, são 12%. Oitenta por cento da nossa geração de energia elétrica vêm de fontes renováveis, além de 85% dos carros que produzimos já são flex fuel, sem falar dos que são movidos a gasolina, que têm 25% de etanol. Se pudesse, eu levaria um carro a etanol a Copenhague para comparar a um movido a gasolina".

Lula disse que sua intenção é ir a Copenhague. "Acho que se formos todos poderemos discutir as responsabilidades de cada um. Podemos definir sobre reflorestamento, redução de emissões ou financiamento para que países pobres possam reduzir suas emissões. Se cada um fizer seu dever de casa, poderemos melhorar o planeta." Mas, "se ninguém for, eu também não vou". Mais tarde, em discurso no Fórum Empresarial Brasil-UE, ele disse que, até 2020, o País diminuirá em 4,8 bilhões de toneladas de CO2.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, considerou a proposta brasileira ambiciosa e concordou com a necessidade de se ter uma espécie de unificação dos números de emissão. "Os objetivos de cada país devem ser fiscalizados. Como estamos falando de floresta, há uma floresta de números e datas e até os especialistas têm dificuldade de entender."

Já o premiê sueco, Fredrik Reinfelt, disse que a União Europeia não vai aceitar que empresas instaladas no bloco se mudem para países como metas menores de redução de emissão de carbono.
 
"Isso poderia até gerar mais empregos, mas teríamos mais agressão ao meio ambiente", afirmou.

» O jornalista viajou a convite da União Europeia

Postar um comentário

0Comentários

Please Select Embedded Mode To show the Comment System.*

#buttons=(Ok, vamos lá!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Check Now
Ok, Go it!