Renato Alves
Mais uma morte por febre amarela foi confirmada em Goiás ontem. É a nona registada no estado e no país este ano. Mas é o primeiro caso fatal dentro de Goiânia. A vítima morava e trabalhava na capital do estado. Trata-se de um vigilante da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele, que tinha 64 anos, cuidava dos prédios do câmpus dois da unidade de ensino público e residia na Vila Morais, zona leste de Goiânia. A identidade da vítima não foi divulgada a pedido da família.
Apesar de confirmar a ocorrência em Goiânia, a Secretaria de Saúde de Goiás trata o caso como febre amarela silvestre — quando a infecção ocorre na área rural e é feita pelo mosquito Haemagogus.
Normalmente, nesse tipo de infecção, o problema começa com o macaco, hospedeiro da doença. Até ontem, não havia sido encontrado nenhum símio morto por suspeita de febre amarela na UFG. Por isso, a universidade estava fora das áreas de risco. Mas o câmpus dois da universidade fica perto de uma mata, na saída norte de Goiânia.
O número de municípios goianos onde ocorreram epizootias — mortes de macacos — aumenta a cada dia. Conforme lista divulgada ontem pela Secretaria de Saúde do Estado, há 69 cidades em alerta.
Somente em Goiânia, desde o fim de novembro e até segunda-feira, foram localizados 40 animais mortos em 23 pontos. Exames feitos em dois deles confirmaram a febre amarela. Um estava em área de mata do Jardins Madri, condomínio residencial de luxo. O secretário de Saúde de Goiás, Cairo de Freitas, diz que o vigilante da UFG provavelmente foi infectado no local de trabalho. “Vamos monitorar os mosquitos para ver se o câmpus realmente é o foco da infecção”, disse o secretário. A investigação começa hoje.
O vigilante apresentou os primeiros sintomas da doença em 22 de dezembro. Chegou a se vacinar cinco dias depois. Mas, como já estava infectado, acabou morrendo no penúltimo dia de
Três pessoas morreram e quatro estão internadas.
Entre as mortes investigadas no estado está a do caseiro Francisco da Guia dos Santos, 32 anos. Ele, que trabalhava em Sobradinho, morreu com sintomas da febre amarela na última segundafeira, no Hospital Regional de Sobradinho (HRS), após ficar internado por 24 horas. Francisco deu entrada no HRS com febre alta, dores pelo corpo, diarréia, icterícia (coloração amarelada) e hemorragia.
Ele esteve no município goiano de Padre Bernardo — a 106km de Brasília — em 17 de janeiro, segundo os familiares. O laudo sobre a morte deve sair em quatro dias.
Os outros dois casos de morte sob suspeita em Goiás foram registrados em Rubiataba e
Cristianópolis. A Secretaria estadual de Saúde não informou os dados da primeira vítima. A segunda é Iraídes Batista Ribeiro, 42 anos. Ela morreu sexta-feira passada, em Goiânia, de falência renal e com sintomas da febre amarela. A vítima morava em Cristianópolis e não era vacinada.
Dengue
Com a confirmação da morte por febre amarela em área urbana de Goiânia, o governo do estado decidiu intensificar o combate ao mosquito Aedes aegypti. “A população está tão preocupada com a febre amarela, porém se esquece da dengue, que não tem vacina, já está na zona urbana e também pode ser letal”, alertou a superintendente executiva da Secretaria de Saúde de Goiás, Maria Lúcia Carnelosso.
Agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Goiânia encontraram mosquitos Aedes aegypti, Sabetes e Haemagogus em bosques e parques do município. Os dois últimos mosquitos são vetores da febre amarela em área rural. Nesses pontos de Goiânia há três espécies de macacos, hospedeiros do vírus que pode ser levado ao homem por meio do mosquito.
Entre as casas infestadas de mosquitos e visitadas pelos agentes do CCZ está a do espanhol Salvador Perez de
Ano passado, 13.530 pessoas pegaram dengue
O número
Sinal vermelho - Desde novembro, há 69 cidades goianas em alerta