Devastação ameaça chuvas amazônicas

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Estudo apresentado em Belém pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na semana passada, revela dados alarmantes sobre a devastação em dois Estados da Federação: o Pará e o Maranhão – que, somados, correspondem a 18% do território brasileiro e a 30% da Amazônia Legal. O resultado do levantamento aponta para uma elevação da temperatura e para a redução das chuvas em parte da Floresta Amazônica, o que poderia transformar, nas próximas décadas, a maior e mais importante reserva de biodiversidade mundial num imenso semi-árido.

O relatório – o primeiro de uma série de três, feito em parceria com a empresa Vale – estudou a variação do clima e da temperatura em três períodos: 2010 a 2040, 2041 a 2070 e 2071 a 2100. Em resumo, o documento mostra que o clima da região se tornará cada vez mais quente e seco, com reduções de chuva que podem ficar entre 2 e 4 milímetros por dia, no período de 2071-2100, quando comparado com o atual clima da região. A temperatura deve aumentar em toda a região leste do Pará até o Nordeste, chegando até 7 graus nas regiões do leste da Amazônia e no norte do Maranhão (levando-se em consideração um cenário mais pessimista, com alta concentração de gases do efeito estufa) ou até 4 graus acima do atual, em condições mais otimistas.

"O aquecimento é observado na média anual e nos meses de verão e inverno e tem algumas variações entre os modelos", ressalta o estudo, que traça uma análise detalhada para cada estação do ano. Os pesquisadores combinaram informações do Instituto Nacional de Meteorologia, da Agência Nacional de Águas e de 36 estações pluviométricas e climatológicas. Diante dos dados colhidos, os cientistas prevêem que entre 2010 e 2040 as chuvas diminuam até 10%. O documento explica que, nestas condições, o balanço hidrológico poderá sofrer alterações, com período de deficiência hídrica futura – em linguagem mais simples: pode faltar água no imenso manancial amazônico.

A mudança do regime de chuvas e o conseqüente aumento da temperatura provocaria alterações climáticas que podem mexer nos níveis dos rios e afetar a agricultura, a vegetação nativa e toda espécie de vida na Amazônia.

Uma verdade inconveniente, mas que precisa ser repetida à exaustão, é que o principal responsável pela reviravolta climática é o próprio homem. Indústrias, poluição, queimadas e desmatamento estão na linha de frente dos fatores do aquecimento global, pois liberam os gases responsáveis pelo efeito estufa e o aumento da temperatura da Terra. O consolo é que o homem também faz parte da solução do problema que criou, tão logo se conscientize dos danos que impinge ao planeta e busque alternativas mais ecológicas para seu desenvolvimento.

No caso específico do Brasil, o desmatamento e as queimadas respondem por cerca de 70% do total das emissões de gases de efeito estufa. Portanto, é fundamental que as autoridades federais continuem firmes na guerra contra a devastação (a favor do cidadão brasileiro e da humanidade). Se no plano interno conseguir reverter o cenário dramático antecipado pelos relatórios, alcançar um relativo grau de crescimento sustentável e mantiver a política de incentivo aos biocombustíveis (sem que isso cause impacto na produção de alimentos), o país terá um enorme handicap na hora de cobrar das nações mais ricas – historicamente as maiores responsáveis pela poluição global, mas também as mais reticentes quanto à aceitação de metas de redução de gases poluentes – o uso racional dos recursos naturais.

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