Chuvas já mataram 64 em Santa Catarina

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Número de mortos e desabrigados não pára de crescer e tempo só deve melhorar amanhã



FLORIANÓPOLIS - Subiu para 64 o número de mortos pelas chuvas em Santa Catarina – a maioria por soterramento - e mais de 44 mil desabrigados; desses, mais de 14 mil estão em abrigos mantidos pelo Estado, principalmente nas cidade de Blumenau e Itajaí. O prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, decretou estado de calamidade pública na cidade.

O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, decretou situação de emergência em todo o Estado e destacou que esta é a pior tragédia climática da história catarinense. Em 1983, as chuvas no Estado deixaram 49 mortos. Em relato ao secretário nacional de Defesa Civil, Roberto Costa Guimarães, Silveira informou que a enchente atinge um universo de mais de 1,5 milhão de pessoas, entre desabrigados, ilhados e vítimas de falta de água ou de gás.

O governo federal colocou à disposição todos os suprimentos necessários - o mesmo ocorreu com o Exército e com governadores do Sul e do Sudeste. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acertar uma medida provisória que vai destinar recursos para o socorro das vítimas. As principais estradas que fazem a ligação com o Rio Grande do Sul estão bloqueadas por barreiras e oito cidades estão isoladas.

Falta água em Florianópolis e a chuva danificou o gasoduto Brasil-Bolívia, afetando o abastecimento no Estado e no Rio Grande do Sul. A Defesa Civil de Blumenau alertou para a possibilidade de novos deslizamentos e desmoronamentos no município.

Recorde

As chuvas dos últimos dias quebraram todos os recordes nas estações climáticas catarinenses - foi o maior volume registrado para o mês de novembro desde que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a fazer medições em Florianópolis, em 1961. Técnicos do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram) de Santa Catarina se mostraram surpresos.

"Superou nossos piores prognósticos. Esperávamos chuvas de 100, 150 mm por dia nesta semana, mas em grande parte das cidades do vale do rio Itajaí-Açu e do litoral norte catarinense choveu entre 200 e 250 mm", afirma o meteorologista Marcelo Martins. Em Blumenau, uma das cidades mais atingidas, choveu neste mês o equivalente a quase oito vezes a média histórica na cidade - até o fim da tarde de ontem, havia chovido 866 mm, ante 110,4 mm de média histórica. Em Joinville, no norte do Estado, o volume de chuva chegou a 869,6 mm, enquanto a média histórica é 214,5 mm de precipitação.

Trégua

A chuva em Santa Catarina deve continuar durante todo o dia de hoje, perdendo força somente amanhã. "O mau tempo é resultado de uma frente estacionária na Bahia e no Espírito Santo, brecada por uma massa de ar quente do Nordeste que não deixa o sistema de alta pressão evoluir para o oceano, mantendo as chuvas em Santa Catarina", diz o meteorologista Marcelo Martins, do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram).

As pancadas de chuva estão previstas para todo o litoral norte, alto Vale do Itajaí e Florianópolis - justamente os locais mais prejudicados até o momento. Mesmo que a chuva dê trégua, a partir de amanhã, o meteorologista diz que a situação continuará de perigo no Estado. "Deve haver ressaca no litoral, o que evita o escoamento das águas dos rios para o mar, mantendo locais ainda alagados. Ventos entre 50 e 70 km/h na quinta (27) e na sexta-feira (28) também são motivo de preocupação", diz Martins. "Devemos nos manter alertas por pelo menos mais cinco dias."

Governo federal oferece ajuda

BRASÍLIA - Depois de conversar com o presidente Lula durante reunião ministerial na Granja do Torto, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, embarcou para Santa Catarina para verificar de perto a situação das enchentes no Sul do País e oferecer ajuda do governo federal ao governador do estado. Além da ajuda financeira e outras que forem necessárias, o governo está colocando à disposição também as Forças Armadas, como aviões da Força Aérea, para ajudar no que for preciso.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem um minuto de silêncio pelos mortos nas enchentes em Santa Catarina, ao final de um evento sobre aprendizagem industrial, em Brasília, no início da noite. Ele observou que o País acompanha "com tristeza" as notícias das mais de 50 pessoas que já morreram no Estado.

Várias rodovias estão interditadas

CURITIBA - O trecho da BR-376 entre o Paraná e Santa Catarina, principal ligação entre Curitiba e Florianópolis, voltou a ser interditado nos dois sentidos durante a manhã de ontem, em razão de nova queda de barreira entre os quilômetros 684 e 685, no Município de Guaratuba. Durante o fim de semana, a rodovia já esteve fechada, mas foi liberada na tarde do último domingo. Como não há previsão de liberação, a orientação para quem precisa ir a Santa Catarina é para que faça desvio pela BR-116 até Agudos do Sul (PR) e, dali, acessar a BR-101.

Várias rodovias federais continuavam interditadas ontem por causa de deslizamentos causados pelas chuvas que atingem o Estado de Santa Catarina, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal. Na BR-101, vários trechos estão bloqueados, um deles em Palhoça, no km 235, na região de Morro dos Cavalos. A pista seguia interditada desde a noite do último sábado, sem desvios. Em Itajaí, o trecho da pista no km 113 estava alagado pelo transbordamento do Rio Itajaí-Açú, ontem. Não há desvio.

Em Piçarras, no kKm 99, a pista foi alagada pelo transbordamento do Rio Piçarras, no sentido norte. Há um desvio na altura do km 105, pelo Município de Penha. Em Gaspar, nos quilômetros 33 e 41, a rodovia BR-470 também está interditada nos dois sentidos desde a tarde de sábado. Ontem, vários pontos da rodovia foram alagados pelo transbordamento do Rio Itajaí-Açú entre os municípios de Gaspar e Blumenau.

Em Águas Mornas, no km 31, um deslizamento de terra na madrugada de ontem interditou totalmente a pista no sentido interior do estado na rodovia BR-282 e não há desvio. No mesmo município, no km 43, detritos caíram sobre a pista durante a madrugada, interditando o trecho. Não há desvios e o tráfego passa em meia pista.

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