SC: especialistas explicam a tragédia

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Meteorologista e geólogo explicam o porquê de tanta chuva no último fim de semana no estado e de deslizamentos até em zonas que não eram de risco.



O vento, o volume impressionante de chuva e o solo encharcado são algumas das explicações para a tragédia em Santa Catarina. Quem conta é a repórter Kiria Meurer.

Em poucos segundos, tudo no chão. Foram centenas de deslizamentos de terra em 80 municípios de Santa Catarina. O barro que desceu de um morro atingiu casas que não estavam em áreas consideradas de risco.

“A nossa casa era uma casa bem arrumada com cerca, com portão eletrônico, com tudo que a gente tinha, para olhar agora e não ver mais nada, não ver mais nada de bom”, lamentou a aposentada Olinda de Oliveira.

Quem tinha casas construídas em áreas de risco recebeu um alerta da Defesa Civil na semana passada. “Nós pedimos que pessoas percebessem locais de rachadura no solo, movimento de terra, saíssem destes locais porque eram áreas possíveis de ter deslizamentos”, disse o major Márcio Alves, da Defesa Civil (SC).

Mas o que aconteceu no estado nos últimos dias foi inesperado. “Áreas que não eram nem consideradas pelos geólogos de risco desmancharam pela quantidade de chuva”.

Choveu quase todos os dias durante dois meses em Santa Catarina, mas no último fim de semana a quantidade de água que caiu no Vale do Itajaí foi recorde: em apenas três dias, choveu tudo o que costuma chover em quatro meses. A terra nos morros e das encostas, que já estava encharcada, não suportou um volume tão grande de água.

“Com o peso da água praticamente dobrando o peso da camada do solo faz com que o solo tenda a descer por gravidade, levando tudo que encontra pela frente: prédios, árvores”, explicou o geólogo João Carlos Rocha.

Tanta chuva foi resultado de uma combinação: o vento leste trouxe muita umidade, um fenômeno conhecido como lestada. E ao mesmo tempo um vórtice ciclônico no litoral funcionava como um aspirador de pó sobre o oceano puxando mais umidade e carregando a atmosfera.

“Se fosse só a ação dos ventos que sopram de leste provavelmente não teríamos tanta chuva, o problema foi a ação conjunta dos dois fenômenos juntos, que trouxe chuvas excessivas”, disse o meteorologista Leandro Puchalski.

Na região do Vale do Itajaí, a geografia favorece as cheias. Na cidade de Itajaí, uma das mais afetadas no litoral do estado, há outro agravante. “Já são terrenos baixos, planos, horizontalizados e há uma retenção das águas fluviais por uma questão de maré”, completou o geólogo.

O governador de Santa Catarina pediu ajuda ao Governo Federal, que já respondeu que vai liberar recursos para a recuperação do estado.

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