Menino de nove anos é a terceira vítima

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No Estado, morador de Sapucaia do Sul é o segundo a perder a vida em função da doença

Zero Hora

O governo do Estado confirmou ontem a morte de um menino de nove anos de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, em decorrência da gripe A. É o segundo óbito no Estado e o terceiro no país.

O menino apresentou os primeiros sintomas em 1º de julho, foi internado no dia seguinte no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e morreu no dia 5. Foi sepultado na segunda-feira da semana passada. Ontem, a Secretaria Estadual da Saúde recebeu os exames comprovando que ele tinha o vírus. Conforme o secretário Osmar Terra, desde o nascimento, o menino sofria de uma doença neurológica crônica que pode ter contribuído para o desfecho fatal do caso.

A secretaria acredita que o vírus possa ter chegado ao menino a partir de um professor do irmão da criança que foi a Córdoba, na Argentina, país em que a situação é de epidemia. O professor e seus parentes teriam contraído o vírus no país vizinho – o filho dele teve o caso confirmado. O professor trabalha na escola onde o irmão adolescente do menino morto estuda. O adolescente também apresentou quadro gripal na ocasião.

A evolução do doença foi muito rápida. No dia 1º, ao apresentar febre, o garoto de nove anos foi levado a uma consulta com seu clínico, que começou a tratá-lo como se estivesse com uma gripe comum. No dia seguinte, o agravamento do estado já motivou a internação no Hospital de Clínicas, onde o paciente foi para a UTI, com uma pneumonia grave. Morreu três dias depois.

– É uma fatalidade que faz parte do risco da gripe, principalmente em pacientes mais vulneráveis. A Organização Mundial de Saúde alertou que os casos com maior risco têm sido de crianças e obesos – afirmou Terra.

A morte anterior no Estado, a primeira do país, foi a de um caminhoneiro de Erechim. Vanderlei Vial, 29 anos, que morreu em 28 de junho, em Passo Fundo, onde estava internado. O óbito ocorreu 13 dias depois de os primeiros sintomas se manifestarem, quando o caminhoneiro ainda estava na Argentina. Na ocasião, o Rio Grande do Sul tinha 76 casos confirmados de gripe A. Ontem, chegou a 129.

Secretaria quer tranquilizar população

Segundo Terra, os milhares de caminhões que chegam ao Estado vindos da Argentina, do Chile e do Uruguai, países com epidemia, tornam uma questão de tempo a multiplicação dos casos aqui.

– Em breve, seremos o Estado com maior número de casos. Mas é preciso lembrar que, em 99% dos casos de gripe A, não é necessária nem mesmo a internação – disse.

A secretaria considera que, apesar da epidemia iminente, não há motivo para pânico. Terra observa que as mortes por gripe comum são mais numerosas do que as da nova enfermidade e que apenas uma parcela pequena dos casos de gripe A apresentou complicação.

– Temos de tratar a nova gripe como uma gripe comum, andando agasalhados e se alimentando bem – explicou.

No dia em que divulgou mais uma morte, a Secretaria Estadual de Saúde também deu uma notícia animadora: a menina de São Gabriel com o vírus, internada em Santa Maria, já saiu da UTI, respira sem a ajuda de aparelhos e seu quadro evolui bem.

Gripe A está fora de controle, diz OMS

Todos os países precisarão de acesso a vacinas contra a gripe A H1N1, pois a pandemia é “incontrolável”, disse ontem uma graduada funcionária da Organização Mundial da Saúde (OMS). Um grupo de especialistas em vacinas concluiu, depois de uma reunião recente, que “a pandemia de A H1N1é incontrolável e, portanto, todos os países precisam ter acesso às vacinas”, disse Marie-Paule Kieny, diretora de pesquisas de vacinas da OMS.

Mas a organização alerta: não haverá vacinas para todos e 1,8 bilhão de doses já foram adquiridas de forma antecipada por países ricos. No Brasil, o Instituto Butantã terá de doar 10% de sua produção de vacinas contra o vírus H1N1 à OMS.

Ontem, a entidade anunciou recomendações para a produção de vacinas e quem deve ser os primeiros a ser vacinados. A vacina só ficará pronta em outubro, mas chegará ao mercado apenas em dezembro, depois de testes clínicos. Dentro da OMS, o temor é de que chegue tarde, já que a segunda onda da gripe no hemisfério norte possa começar com a chegada do inverno. Por isso, países com recursos já estão negociando com empresas.

Ontem, o governo da Argentina informou que convidará os ministros da Saúde de Brasil, do Chile, do Uruguai, do Paraguai e da Bolívia para uma reunião para unificar estratégias contra a gripe A.

O governo de Cristina Kirchner procura concretizar o encontro para “compartilhar informação, definir posições e unificar critérios de olho na futura vacina, além de analisar os possíveis cenários da pandemia”.

A Argentina já confirmou oficialmente 94 mortes. No Uruguai, uma mulher de 22 anos, que na semana passada foi submetida a cesárea, é a 10ª vítima fatal da gripe no país.

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