Com lâminas gigantes, empresa consegue cortar tubulação por onde vaza petróleo para o mar; ainda é cedo para dizer se problema está solucionado
Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo
A mais recente operação para conter o vazamento de petróleo no Golfo do México conseguiu bons resultados ontem. No entanto, a British Petroleum (BP), responsável pela plataforma submarina, e autoridades americanas preferem manter a cautela e dizem que ainda é cedo para afirmar que o desastre ecológico mais grave da história dos Estados Unidos será solucionado.
Lâminas gigantes cortaram ontem parte da tubulação por onde vaza petróleo para o mar e colocaram uma capa de contenção, para tentar ao menos diminuir o vazamento. O problema é que o corte foi irregular.
Inicialmente, seriam usadas lâminas de diamante, que acabaram enfrentando problemas ao serem manuseadas por robôs submarinos. Sem alternativa, a BP teve que recorrer a lâminas comuns.
Por isso, mesmo com a capa sobre o buraco do restante da tubulação, deve continuar havendo vazamento, ainda que em escala menor.
Além disso, o procedimento de colocação de uma capa já havia sido tentado pouco após o início do vazamento, há cerca de um mês, mas ela rasgou por causa da formação de uma espécie de cristal. Para evitar o problema, a BP começou a usar água quente e outros produtos para aquecer a capa.
No longo prazo, a BP continuará construindo poços de ajuda ao lado do local do vazamento para conter definitivamente a saída do petróleo. A previsão é que essa operação demore meses. Se a capa de contenção falhar por causa do novo corte na tubulação, existe o risco de a quantidade de petróleo que escoa para o mar crescer 20%. Até agora, o vazamento é de cerca de 19 mil barris de petróleo por dia.
Segundo afirmou na tarde de ontem o CEO da BP, Tony Hayward, será necessário esperar entre 12 e 24 horas para determinar se a operação funcionou, o que significa que, na tarde de hoje, já poderá haver uma posição. "É apenas o começo do atual procedimento", disse.
Empresa em crise. A BP enfrenta uma grave crise, com agências de risco reduzindo as suas notas. A Casa Branca já determinou a aplicação de uma multa inicial de US$ 69 milhões, mas o valor deve crescer. Os custos para reparar todo o problema está avaliado em até US$ 5 bilhões.
Enfrentando duros ataques pela forma como vem administrando a crise, o presidente dos EUA, Barack Obama, deve viajar hoje novamente para a Louisiana para verificar os trabalhos de reparação do vazamento e avaliar a situação as comunidades costeiras. Milhares de pessoas no Estado dependiam da pesca, que está proibida em 37% das águas do Golfo do México.
Em entrevista à rede de TV CNN que seria exibida na noite de ontem, Obama afirmou estar "furioso com toda esta situação" e que "alguém não pensou nas consequências de suas ações". Na avaliação do governo, a BP deveria ter sido mais ágil.
Estratégia no Golfo do México é bem-sucedida
junho 04, 2010
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