Após cinco desligamentos, Angra 1 admite problemas e programa parada de 12 dias

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Manutenção no gerador elétrico principal vai custar ao menos R$24 milhões para a Eletronuclear

Por Luciano Costa - Jornal da Energia

Após a usina nuclear de Angra 1 (640MW), instalada no município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, ser desligada pela quinta vez em pouco mais de um mês, a Eletronuclear admitiu problemas na unidade e revelou que já programou uma parada para uma manutenção "definitiva" na unidade.

O superintendente da planta, Jorge Luiz Lima de Rezende, conversou com o Jornal da Energia nesta quarta-feira (29/9) e afirmou que o objetivo é acabar de vez com as falhas, consideradas "inaceitáveis". O diretor, porém, destacou que o incidente registrado nesta terça (28) não tem relação com os demais e foi rapidamente corrigido.

"As falhas que estamos tendo dizem respeito ao gerador elétrico principal da usina. Esses eventos têm a ver com o hidrogênio que é utilizado para a refrigeração do gerador. Os problemas são de fuga do hidrogênio do gerador, que está saindo pelo óleo de selagem", detalha o superintendente. Rezende afirma que esse material, fora do gerador, pode ser inflamável ou até mesmo explosivo, dependendo de sua concentração. Ele, porém, destaca que "não há risco de explosão" e que as causas do defeito já foram identificadas.

Agora, o objetivo da Eletronuclear é solucionar de vez a questão, para não ter mais paralisações na operação da usina. Até porque, segundo Rezende, a usina de Angra 1 deixa de gerar até R$2 milhões em receitas para a estatal a cada dia em que fica sem produzir energia. O superintendente revela que a Eletronuclear já programou para 5 de outubro uma parada para a manutenção definitiva da selagem do gerador. "Então o problema estará completamente solucionado", garante Rezende.

O superintendente da usina afirma que a manutenção será feita em conjunto por técnicos da Eletronuclear e da Siemens, fabricante do componente que será trocado, e deve durar doze dias. O custo dos reparos é apontado por Rezende como "desprezível". O executivo da estatal, porém, admite que o problema maior é o período em que a usina precisará ficar parada. Em doze dias, a usina poderia gerar R$24 milhões em receitas à companhia.

A saída da planta nuclear de operação deve impactar também o bolso dos consumidores. Isso porque, de acordo com Rezende, Angra 1 e Angra 2 estão sendo despachadas a plena carga desde novembro do ano passado para manter o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Com isso, caso o Operador Nacional do Sistema (ONS) precise de geração extra, terá, na ausência de Angra 1, de apelar a termelétricas mais caras.

"A média do preço do combustível de Angra 1 e Angra 2 é de menos de R$20 por MWh. Normalmente uma usina termelétrica de outra fonte - mesmo a mais barata das usinas a gás - custa R$60 ou R$70 por MWh", compara o superintendente da Eletronuclear. O custo da geração termelétrica é paga por todos os consumidores por meio do Encargo de Serviço de Sistema (ESS), cobrado nas contas de luz.

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