Cheia do Rio Mamoré já atinge mais de 500 famílias em Guajará-Mirim, RO

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Cinco bairros do município já foram afetados.
Comércios montam barreiras para impedir o avanço da água.


Dayanne Saldanha
Do G1 RO

A cheia do Rio Mamoré continua a causar prejuízos à população de Guajará-Mirim (RO). Desde a última sexta-feira (21) o nível subiu mais de 30 centímetros. “Parece pouco, mas como já ultrapassou a margem, o rio agora enche em escala horizontal, atingindo uma área maior”, explica o Capitão da Marinha em Guajará-Mirim, tenente José Carlos Euzébio. Bairros como Cristo Rei, Triângulo, Tamandaré, São José e Santo Antônio somam mais de 550 famílias atingidas. A Defesa Civil mantém um abrigo com 17 famílias no Rotary Clube, mas até dia 26 essas famílias devem ser removidas para o ginásio de esportes Afonso Rodrigues.

Na segunda-feira (24), o município recebeu 50 barracas de lona enviadas pela Defesa Civil Estadual. “Vinte serão montadas no ginásio, uma parte seta enviada para Nova Mamoré e as demais serão usadas de acordo com a necessidade”, afirma Francisco Sanchez, coordenador da Defesa Divil em Guajará-Mirim.

No centro da cidade, várias ruas foram tomadas pela água e comerciantes tiveram que improvisar. Alguns fizeram um muro de arrimo, passarelas, e outros tiveram que se mudar. “Muito triste essa situação. Vamos ter que mudar de endereço provisoriamente”, diz Lourdes Moura, ao encaixotar a mercadoria e suspender os armários se sua loja, na Avenida Constituição.

Pelas ruas da cidade, o clima é de tristeza e tensão. Parte da população perdeu o emprego ou vivendo com dificuldade. Quem é comerciante, reclama que não tem mercadoria e nem cliente. Quem é consumidor, afirma que os produtos vendidos estão muito caros: “Me preocupo muito. Minha família teve a casa alagada no [Bairro] Triângulo, se mudou para outra casa, mas teve que pagar dois meses adiantados de aluguel, que está muito acima do preço de mercado”, afirma Talita Albuquerque, moradora da região.

Segundo Talita, falta, inclusive, leite nos supermercados da cidade. “Falta muita coisa aqui. Tenho uma filha de 4 meses e o leite dela acabou, não encontro em lugar algum”, relata ela, que também reclama do isolamento da cidade. “Só tem um avião que leva para Porto Velho as pessoas que precisam, mas precisa esperar ter vaga por mais de uma semana”, desabafa Talita.

Guajará-Mirim está em estado de emergência desde o dia 12 de fevereiro, quando a única rodovia de acesso foi alagada pela cheia do Rio Madeira e seus afluentes. O Rio Mamoré, que separa o município da Bolívia, também alcança níveis históricos, ultrapassando em 1,24 metro a marca mais alta, em 2008. Na segunda-feira (24), a régua que mede o rio aponta que seu nível chegou a 14,02 metros.


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