DF entra em alerta por falta d'água, e Adasa estuda tarifa adicional em conta

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Volume disponível passou de 60% para 40% da capacidade em um mês.

Reservatórios são suficientes para mais 73 dias se não chover, diz Adasa.


Mateus Rodrigues | G1 DF

A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa) estuda cobrar uma tarifa adicional nas contas de água devido à redução do nível dos dois reservatórios responsáveis por abastecer 85% da população do Distrito Federal. Portaria da Adasa em vigor permite que, neste estágio, o governo crie uma "tarifa de contingência" para forçar a redução do consumo.


Barragem do Descoberto, que abastece 65% da população do Distrto Federal e que está com menos de 40% de sua capacidade, nível mais baixo da história (Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília)
Barragem do Descoberto, que abastece 65% da população do Distrto Federal e que está com menos de 40% de sua capacidade, nível mais baixo da história (Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília)

Segundo a agência, o DF entrou em "situação crítica" nesta sexta-feira (16) depois de atingir o pior nível dos últimos 30 anos nos reservatórios do Descoberto e de Santa Maria, que estão com o volume abaixo de 40% da capacidade. O nível de 40% significa que, se não chover, o DF tem água potável suficiente apenas para os próximos 73 dias.

Segundo o Instituto de Meteorologia (Inmet), há chance de chuvas a partir do próximo dia 22, mas ainda é difícil prever sua intensidade e duração. Na terça, o instituto registrou o dia mais quente do ano no DF.

A tarifa de contingência não está prevista na resolução publicada nesta sexta, mas está em estudo pelos técnicos da Adasa. O diretor-presidente da agência, Paulo Salles, afirmou que ainda não há um prazo para que essa decisão seja tomada.

"A partir de agora, podemos adotar [a tarifa], mas não há definição ainda. Depende da chuva, do comportamento da população. Quanto mais economizar, mais distante fica essa tarifa. Nós e a Caesb [companhia de abastecimento] estamos em estudos, para que seja um mecanismo justo e efetivo para contribuir para a redução", declarou.

Segundo a análise mensal feita pela Caesb e pela Adasa, o último quadro similar de escassez de água foi registrado em 1996. Mesmo naquela época, os reservatórios atingiram cerca de 45% nos dias mais críticos, índice acima do atual. Os órgãos não fazem estimativa de prazo para que essa situação crítica seja superada.

Racionamento

 
A Adasa voltou a afirmar nesta sexta que o DF não está sob risco de racionamento, no curto prazo. A palavra só aparece nas regras definidas pela Adasa para o "estado de restrição", quando os reservatórios caírem abaixo dos 20% de capacidade.

Apesar disso, a Adasa autorizou a Caesb a reduzir a "pressão dinâmica" nas redes de fornecimento de água, entre 22h e 5h, até o fim do estado de alerta.

A Adasa também nega que a interrupção no abastecimento de água de regiões como São Sebastião, Planaltina, Sobradinho e Brazlândia seja causada por um "racionamento preventivo". Nesta quinta, a companhia suspendeu o abastecimento nessas regiões. O fornecimento foi restabelecido nesta sexta.

Segundo Paulo Salles, essas regiões são atendidas por sistemas menores que captam água em córregos, e não nas bacias. Por isso, o abastecimento é ainda mais sensível. A expectativa da agência é que o funcionamento normal seja retomado com as primeiras chuvas, até outubro.

Sistema complexo

 
Mesmo se a previsão do Inmet for confirmada e a chuva voltar a cair no DF em outubro, pode levar um tempo para que os reservatórios voltem a níveis acima de 60%, considerados fora da zona de perigo. Normalmente, a situação mais crítica é registrada entre novembro e dezembro, no fim da estação seca. Por isso, segundo a Adasa, é importante que os consumidores adotem medidas permanentes de economia.

Os reservatórios são abastecidos pela chuva direta (que cai em cima do estoque de água) e pelos rios afluentes, que estão mais fracos nessa época do ano. Para que os rios voltem à força habitual, é preciso que a chuva penetre no solo e chegue aos lençóis subterrâneos, em um processo mais demorado. Além disso, dias quentes e secos como os desse mês aumentam a evaporação dos reservatórios, reduzindo a água disponível para uso.

O diretor-presidente da Adasa afirma que a estiagem afeta outras regiões do país e do mundo, e tem causado mudanças de comportamento nos últimos anos. "O Ceará enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos, está há cinco anos sem chuvas. Entre 2014 e 2015, a conscientização causada pela queda no Cantareira levou à redução do consumo no DF em 5%", diz.

Salles nega que o assunto tenha sido tratado com negligência pelo governo, e diz que o DF está atento para evitar problemas no médio e no longo prazo. Entre as soluções encontradas está a construção de três novos sistemas de captação e distribuição que, pelo cronograma do Buriti, devem entrar em operação até o fim de 2018.

"Existem muitas diferenças entre Brasília e São Paulo. Os dados mostram que chegamos poucas vezes a essa situação [crítica] e nunca tivemos muitos problemas, é uma situação nova. Nós acreditamos que esses dois reservatórios podem funcionar muito bem, poderiam e estavam muito bem. Até o fim do ano, nós achamos que há garantia. Mas há outros três sistemas que estão em vias de entrar em funcionamento, e não entraram em funcionamento não por falta de projetos."



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